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quinta-feira, 10 de março de 2011

O tratamento IX

(Continuando...) Assim como se passou o ano de 2.003, o ano de 2.004 começou, como não podia deixar de ser, com uma consulta à então, minha médica, em janeiro de 2.004 e o sobe e desce da dosagem na medicação seguiu em frente. Entretanto, a cada dia que passava, me fortalecia mais e mais. O meu trabalho havia retornado a quase total normalidade e o serviço aumentava dia a dia, e com isso fui pouco a pouco, reconquistando a mim mesmo e o que havia perdido, em termos financeiros. Porém, uma coisa que perdi e que é impossível de se repor, foi a convivência com meu filho caçula, posto que, em virtude de minha situação, não consegui conviver com ele da mesma forma que convivi com meus outros filhos. Mas isto, está sendo devidamente compensado nos dias atuais, tanto que, já há mais de dois anos é ele o meu secretário particular, isto quando não está na escola, sendo que, no ano atual, ele está com compromissos escolares deste à manhã até a parte da tarde, com exceção das terças-feiras e sextas-feiras. No mais é estudo o dia inteiro. Mas voltando para o meu caso, no ano de 2.004 as consultas foram mais espaçadas, o que dantes era feito, entre trinta à quarenta e cinco dias, agora já estava indo para as consultas a cada sessenta dias. Isto também me fez sentir muito melhor comigo mesmo. Pois, apesar de ter um carinho especial por minha médica; me sentia irritado no dia da consulta, e essa irritação aumentava no mesmo grau em que se aproximava da hora da consulta. Com certeza, lá era o último lugar que gostaria de estar naquele dia. Mas mesmo assim, nunca deixei de ir a nenhuma consulta agendada previamente. A depressão, no meu caso especifico, me fez perder o meu "EU"; o meu norte, o meu caminho. Sendo que, tomando os psicotrópicos, já não me sentia mais o meu "EU", era como se este estivesse dentro de mim, mas afastado, muito longe em um lugar onde não podia contatá-lo. É simplesmente uma experiência marcante, indelével; mas que dói e machuca, marca à ferro quente, dentro do íntimo do ser; vai dentro das profundezas de nosso ser e lá, deixa a sua marca, sem dó, sem caridade e sem pedir licença. O sofrimento de uma doença que não transparece aos nossos semelhantes é algo extremo e abala todas as suas estruturas, sejam elas, mentais, emocionais ou psíquicas. A minha profissão é altamente estressante, pois, nós advogados(as) somos um dos pilares que dão sustentáculo ao sistema jurídico do país, ou seja, em qualquer país democrático, o profissional do direito (advogados(as)) são essenciais a manutenção da ordem jurídica do país. Mas amo o que faço, mas mesmo assim, não deixa de ser estressante, pois, lido com os problemas alheios e é meu dever fazer e dar o melhor de mim, para auxiliar àquele(a) que confia a mim o seu problema jurídico. Portanto, a minha luta contra a depressão, repetindo, era diária. Mas sentia-me fortalecer a cada passo que dava. E certo, que muitas vezes estava esgotado e cansado do trabalho, mas isto não me fazia desanimar, ao contrário, queria e desejava seguir em frente. E isto me fez estudar mais e mais a respeito de meu caso, o que por agora me habilita a efetuar tal narrativa, com o intuito de alerta às pessoas que sofrem o que sofri e não têm sequer consciência do que lhe está afetando. Confesso, que ainda não recuperei o meu "EU" integralmente, mas já obtive sucesso em reconquistar parte dele. Mas enfim, tenho ainda muito a narrar, o que farei na sequência deste blog. (continuaremos...)     

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