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terça-feira, 28 de dezembro de 2010

A Primeira Consulta com um médico psiquiatra - I

Continuando.... Naquela manhã do mês de maio, acordei tenso (ou seja, quase nem dormi direito), nervoso, apreensivo e ansioso para o novo passo que iria dar na tentativa de descobrir o que se passava comigo. O por que daquele sentimento negativista que crescia dentro de mim e tomava conta de meu ser, dominando e reinando onde antes quem reinava e dominava era somente eu? Era muito difícil para mim entender o que estava me acontecendo, justamente a mim, que sempre tinha sido uma pessoa otimista e enfrentei qualquer tipo de trabalho, pois, não nasci em berço esplêndido, apreendi desde cedo a correr atrás de meus objetivos e sempre conquistava o que desejava. Trabalho duro, sim, mas sempre honesto e honrando. Não me envergonho de escrever sobre mim desta forma, posto que eu era assim, lutador, otimista, batalhador e tinha desde garoto o desejo de conquistar a carreira jurídica, ser um advogado, não apenas mais um, mas, ser um advogado na verdadeira expressão, no verdadeiro valor da profissão, que poucos reconhecem como uma profissão digna e abnegada.Mas enfim, deixei minha casa e percorri com meu veículo os sessenta quilômetros que une a grande metrópole - Capital - São Paulo, de minha pequena e deliciosa cidade interiorana. O consultório do afamado médico especialista ficava em uma zona nobre da Capital. Daí a entender em primeiro plano o alto custo de sua consulta; ao chegar ao endereço, estacionar meu veículo e visualizar o conjunto de prédios onde estava instalado o portentoso consultório, veio a confirmar o por que do preço elevado da consulta, afinal, eu havia conseguido uma vaga disputadíssima com o especialista! Então o que era o custo, afinal estava pagando o melhor que o dinheiro podia comprar! (ledo engano) Entrei no elevador que me conduziria ao andar onde ficava o consultório. Dentro de mim, uma verdadeira guerra se instalava naqueles segundos, minutos, onde parte de mim queria, desejava se afastar daquele local e outra parte de mim insistia veementemente na busca da resposta. Entrei no consultório. Esperava algo de maior porte e luxo; nada disso. Apenas uma pequena e bem decorada recepção, onde fui recebido com um largo sorriso pela secretaria do especialista, que pediu que aguardasse um pouco, pois, como sempre, os médicos, (com devido respeito), estão sempre com suas consultas, previamente agendadas, sempre atrasados; nunca descobri o porque disso, pois, se a consulta está agendada, com horário marcado, com quase mês de antecedência, não poderia estar atrasado. Porém, aqueles longos minutos que permaneci somente com meu pensamentos, que não me eram nada agradáveis e que por mais que tentasse me livrar dos mesmos, o caos somente aumentava, escrevo isto, face aos conhecimentos que havia amealhado a respeito da postura dos pensamentos positivos e até mesmo a respeito de meditações transcendentais e outros estudos esotéricos que havia realizado e até mesmo participado de algumas escolas da área, por longos anos. Enfim, tinha o conhecimento e acreditava, como ainda acredito, na força do poder mental e na força do positivismo, digo isso, vez que utilizei tais praticas por muito tempo e sempre com resultados positivos. Entretanto, naquele momento, de nada parecia valer os meus conhecimentos. E isto estava remoendo em meus pensamentos, quando o médico me chamou. Após as conversas preambulares, as perguntas do cotidiano, o especialista, me disse que iria realizar algumas perguntas e que minhas respostas deveriam seguir os meus sentimentos naquele justo momento. Daí veio um rol de dez perguntas, tais quais: " 1. Tristeza aparente; 2. Tristeza relatada; 3. Tensão interna; 4. Sono reduzido; 5. Diminuição do apetite; 6. Dificuldade de concentração; 7. Lassidão; 8. Incapacidade de sentir; 9. Pensamentos pessimistas e finalmente a décima 10. Pensamentos suicidas." Este questionamento se desdobrava, ou seja, cada uma destas perguntas, era apenas o tema para uma série de perguntas, para melhor explicar: -" Cada item se desdobra em quatro outros quesitos e daí que saí o primeiro diagnóstico." Muito mais tarde, vim a saber que tal procedimento se denomina como sendo uma escala de avaliação, que no meu caso foi aplicada a Escala de Avaliação para Depressão de Montgomery-Asberg. Para não cansá-los com a leitura integral da referida escala, deixarei de transcrevê-la na sua integridade, porém, quem quiser se aprofundar, pode utilizar a ferramenta de busca do google e irá encontrá-la em sua totalidade. Bem a fim de terminar, este bloco, quero dizer que para minha decepção, todas as minhas respostas foram sim, para todas as questões. Meu primeiro diagnóstico foi que eu era portador de uma depressão grave. Vieram os primeiros medicamentos... (continuarei)   

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

A Primeira Consulta com um médico psiquiatra

Continuando..... O mês de abril de 2.000, já havia se iniciado. Até aquele data ainda não havia seguido a orientação de meu amigo psicólogo. Apesar de minha cidade ser pequena, mas não conhecia ninguém da área médica que tivesse especialização em psiquiatria; mas ainda lutava para vencer o preconceito. Não queria, no âmago de meu ser, escolher e me tratar com um médico (a) de minha cidade. Nessa época, mantinha contato com um pastor de um igreja evangélica tradicional e antiga. O meu relacionamento com esse pastor se deu lentamente e passei a gostar de conversar com ele, face a sua cultura de modo geral e de sua inteligência assaz e até mesmo agradável. Foi através dele que tomei conhecimento de que iria ocorrer nos próximos dias uma palestra a respeito de depressão, e está, seria ministrada por um famoso médico psiquiatra de São Paulo e que dita palestra iria ter lugar em uma cidade vizinha a minha, na sede da igreja. Encontrei ali, um possível encontro com um médico que iria palestrar sobre um assunto que me interessava e pelo qual estava buscando em arguto desespero e ansiedade; poderia estar ali o começo de respostas para minhas infindáveis perguntas, sendo que todas elas, até aquele momento, só havia obtido respostas evasivas e desprovidas de um fundamento lógico e racional para o que estava me acontecendo. Quero aqui lembrar, que juntamente com a terapia que estava realizando com meu amigo psicólogo, havia me consultado um médico especializado - um neurologista - e, com receituário deste, estava ingerido cápsulas e mais cápsulas de vitaminas e complementos alimentares; posto que, na consulta já havia me posicionado que não tomaria nenhum tipo de psicotrópicos. Então, talvez querendo me agradar, receitou-me vitaminas e complementos alimentares (placebos - a bem da verdade). Bem na manhã da palestra - um domingo - lá me encontrava para ouvir o palestrante, entretanto, as horas se passaram e o mesmo não compareceu - frustração total e inimaginável - lembre-se - estava a busca de respostas. Porém mesmo assim, obtive com o pastor, o nome completo e o endereço do dito e respeitável médico, cuja fama, ultrapassava as fronteiras do Brasil. Desta forma se transcorreu o mês de abril de 2.000! Meu sofrimento já havia ultrapassado quaisquer barreira, do possível e do imaginário. Neste período já não conseguia exercer o meu mister da forma que sempre gostei, e fui lentamente me afastando do trabalho, pois, este passou a ser uma carga muito pesada, um fardo pesado de mais para que pudesse transportá-lo; mas por outro lado, havia minha família que tinha que sustentá-la, provê-la e, somente através de meu trabalho isso era possível, e como meu trabalho é de profissional liberal, não tinha de onde obter recursos caso parasse definitivamente de exercer minha profissão (está escolhida deste a mais tenra infância - advogado - amava e ainda amo minha profissão e a exerço com paixão). Existia também o medo de errar e prejudicar meus clientes, encontrava-me em uma situação bastante tensa. A corda estava esticada ao máximo e corria o risco de arrebentar a qualquer momento. Tinha tido a benesse de ter vencido uma grande demanda e havia recebido bons e vultuosos honorários, mas este não era garantidor do meu incerto futuro. A doença tomava conta sem sequer pedir licença e invadia o mais intimo de meu ser, abalando totalmente a minha estrutura emocional e neste ponto me sentia um ser desprezível, não mais necessário a este mundo e a esta vida. Tudo a minha volta se desmoronava e tentava no afã do desespero me agarrar a alguma coisa, mas, quanto mais tentava, mais sentia a perda. Enfim, no inicio do mês de maio de 2.000, acordei cedo, se é que posso dizer isso - havia me deitado apenas algumas horas antes - já de madrugada. Passei a manhã inteira com pedaço de papel onde estava escrito o nome do médico e o número de seu telefone. Era uma decisão que tinha que tomar! Cabia somente a mim tal decisão. O medo, o preconceito e todas as situações que sumariei acima contavam, cada qual com seu peso! Por volta das 11:30 horas, telefonei, uma secretária me atendeu, expus a ela em primeiro plano a minha urgente necessidade, aguardei por alguns minutos, a voz ao telefone me passou a data da consulta e valor da mesma (para a época - um absurdo de caro). Afinal, minha primeira consulta estava agendada, seria ainda no mês de maio.... (continuaremos)       

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O inicio de tudo - VII

Continuando ... No período de quase seis meses, meu amigo psicólogo, foi me mostrando que somente com o seu auxílio, não seria suficiente para minha recuperação. Afirmou de forma precisa, que não me deixava com qualquer dúvidas. Me pediu para consultar um psiquiatra. Aí, foi que a coisa tomou um vulto maior em minha já abalada mente; já estava um caos e pensava que este seria resolvido com o auxílio de meu amigo, entretanto, este veio me preparando lentamente para o desfecho de que o meu caso necessitava de medicamentos e somente um médico(a) psiquiatra poderia me receitar. Já fazia quase três semanas que ele me dava dicas a respeito do meu verdadeiro estado de saúde mental. Ele já havia conseguido penetrar no âmago da questão e somente estava abrindo espaço para me encaminhar para um médico(a) especializado (todas estas afirmações, somente vim tomar conhecimento, através dele mesmo, tempos depois). O que não me apetecia era a ingestão de medicamentos, não os utilizava nem ao menos quando sentia uma leve dor de cabeça. Detestava ingerir medicamentos, fosse para o que fosse; e ali, estava meu amigo me dizendo que iria necessitar de um (a) psiquiatra afim de iniciar um tratamento, ao que no parecer dele, como psicólogo, estava eu, sofrendo de depressão e que cabia a um (a) médico (a) psiquiatra realizar um diagnóstico mais preciso, a fim de apurar o grau depressivo em que me encontrava. Confesso que naquele dia, senti meu já destroçado mundo esvair-se sob os meus pés. Foi como se um grande tsunami tivesse me que carregado para as profundezas do mar, como se um buraco negro, que atrai para si no espaço cósmico, tudo o que perto dele se achega, face ao sua potência de atração. Não é parodiando a música que fala "...meu mundo caiu..."; mas naquele instante o meu preconceito, o qual havia enfrentado para estar com o meu amigo psicólogo, o qual havia transposto e havia me submetido ao tratamento semanal (duas vezes por semana), estava novamente à minha frente. Agora, com brutal diferença! Não conhecia nenhum amigo (a) médico (a) especializado (a) em psiquiatria. Minha cidade é pequena, à época, não mais que 60.000 mil habitantes, sendo que, o meu nome e minha pessoa era e ainda é muito conhecida no município. E tinha ainda meus clientes, que obviamente não me queriam doente e nem iriam ficar comigo sabendo que estava eu sendo tratado por um (a) médico (a) psiquiatra. Como se diz o velho adágio popular, noticias ruins corre como o fogo! Então, tinhas vários problemas a serem enfrentados. Necessitava cuidar de minha saúde, mas para isso tinha que superar esses grandes obstáculos, essas grandes barreiras; primeiro o meu próprio preconceito, segundo o preconceito das pessoas a minha volta, não posso, infelizmente chamá-las de amigos ou amigas, mas somente de conhecidos e conhecidas, (disto falarei mais a frente - foi outro duro baque, árduo aprendizado) tinha também que exercer a minha profissão, posto que sem trabalhar, não haveria rendimentos financeiros, portanto, afetaria não somente o meu  padrão de vida, mas a vida de minha família; não deseja isso. Outra barreira a enfrentar seriam os medicamentos, pois, sempre fui contra a ingestão dos mesmos e sabia de antemão que seria medicado com psicotrópicos, ou seja, drogas lícitas.   Aqui começa outra fase de minha vida! A fase mais dura e difícil a que fui posto a prova, (apesar, que não gosto muito da expressão de que Deus o está provando, não creio nisso, pois, na minha forma de crer este Deus provador da fé dos pobres mortais, para mim não existe, o que existe para mim e o Deus de Amor, da Paz, da Harmonia, da Força, da Luz e não um Deus que quer castigar a sua criatura) uma prova de fogo, de vida ou de morte. Então por aqui encerro os capítulos "O inicio de tudo" para dar sequencia do acontecimentos que virão a seguir. Continuaremos

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

O inicio de tudo - VI

Continuando...  Ao deixar o consultório de meu amigo psicólogo e entrar em meu carro, sentia-me totalmente estranho. Era a primeira vez na minha vida que abria um pouco de minha vida para alguém; tinha consciência que aquele que me ouvia era não somente meu amigo, mas sim um profissional. Um profissional que por diversas e diversas vezes já o havia indicado para atender a clientes de meu escritório, que ao meu ver necessitavam de uma ajuda, isto, normalmente em casos de separação de casais, que quando ocorre causa muito sofrimento e muita dor e invariavelmente precisam de ajuda, de alguém que os ouça e os auxiliem a ultrapassar a barreira da separação. Bem, fiquei por longos minutos dentro de meu veículo, tentando entender o que havia ocorrido. Não queria de forma alguma aceitar aquela situação como se verdade fosse, pensava que era apenas um pequeno pesadelo e ao acordar Eu, seria Eu novamente. Ledo engano! A bem da verdade, a primeira consulta, não foi um dialogo, mas um monologo, onde somente eu falei, falei, chorei e continuava a falar, com uma grande ansiedade de obter uma resposta e deixar aquela sala, que apesar de estar confortavelmente acomodado em uma bela e aconchegante poltrona, onde ao fundo ouvia um CD, que ele havia introduzido no aparelho e dele emanava sons da natureza; a meia luz, enfim, um local onde deveria me sentir totalmente relaxado e sem stress, mas o que sentia era exatamente ao contrário, sentia uma angústia e um desejo enorme que os minutos transcorressem com mais celeridade, para me ver longe daquele local, que apesar de tudo o que disse acima, me sentia totalmente oprimido. Aquele que ali estava, não era Eu, era um outro Eu, que ainda não conhecia, mas em breve viria a conhecer. O meu lado machista falava mais alto. Eu me perguntava: - "O que estou fazendo aqui?" "Eu não preciso de psicólogo! Isto é para doentes mentais! e não estou louco!" Enfim, era o preconceito! Este tipo de preconceito que nem mesmo eu sabia que o tinha dentro de mim. Mas era o preconceito que estava me afetando naquele momento, mas como sempre fui um batalhador, queria, por que queria, saber o que estava me acontecendo e mais o porque? Não obtive resposta alguma na primeira consulta. Em resumo, de uma consulta semanal, meu amigo me convenceu a passar para duas consultas semanais, alongando o prazo e com isso via a minha volta os meus negócios, a minha profissão, o meu relacionamento com os meus filhos e com minha esposa se deteriorando e eu sem saber o porque. Está fase transcorreu por seis meses. Neste período, busquei a paz espiritual em várias igrejas, desde a Católica Apostólica Romana (na qual nasci, fui criado e batizado), bem como nas igrejas evangélicas, onde pregam a cura, enfim, mas sobre esse assunto de religião e igrejas não quero adentrar, não estou aqui para confundir, o meu objetivo a auxiliar no que for possível aos leitores, principalmente aqueles que se identificam com a matéria. Não quero polemizar! Podem os leitores, estarem se perguntando a respeito do uso do álcool. Sim! Ainda continuava a consumir mais e mais, a cada dia que passava. Somente sentia um pouco de paz, quando o álcool fazia efeito. Voltava a ser o Eu que sempre fui, mas por lado, o uso excessivo do álcool, começou a atrapalhar ainda mais a minha já desestruturada existência. Tinha dias que o meu desejo era simplesmente desaparecer da face da terra. É aqui que entra o Meu Anjo! O meu filho caçula! Ao mesmo tempo que desejava cometer tal desatino, vinha em meus pensamentos o meu filho pequeno e que ele ainda precisava de mim. Mas isto é uma outra história, que acabarei por expô-la neste espaço. Continuaremos....  

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O inicio de tudo - V

Continuando... A noite que antecedeu a primeira consulta foi um verdadeiro caos. Minha mente estava inquieta; estava dividido em dois, ou até mesmo em mais "eus", intimamente não queria aceitar a ida ao consultório de meu amigo, mas minha abalada intuição me dizia que deveria ir. Em casa, nada contei. Aquele era um segredo meu, acreditava que o problema era somente meu e que era assim que devia ser, ou seja, tinha de resolvê-lo, tinha que encontrar uma saída, afinal, era o provedor da casa. Em síntese, ao despertar, ainda havia a dúvida em meu ser, em minha alma; um verdadeiro caos povoava a minha mente, os meus pensamentos. Ao fim do dia, na hora marcada, lá estava eu, dentro do veículo estacionado em frente ao consultório, ainda brigando internamente se deveria descer e entrar ou ligar o veículo e deixar o lugar. Como sempre fui zeloso com horários, pois, nunca gostei de esperar pessoas que marcavam e se atrasavam ou simplesmente não vinham e nem sequer ligavam para uma explicação e portanto, não podia, dentro ainda de meu senso de justiça, deixar o meu amigo me esperando, afinal ele abrirá uma porta, bastava atravessá-la, mas não imaginei a dificuldade que era de dar o primeiro passo. Não sabia onde iria entrar, não sabia nem mesmo o que iria dizer a ele, mas enfim, entrei. Sua secretária, me atendeu com um sorriso, olhou a agenda e meu nome lá estava, e ela me disse para aguardar que ele estava terminando de atender uma paciente e que logo seria a minha vez. Minutos intermináveis! Sentei-me, busquei concentrar a minha atenção em um gibi do "Chico Bento", mas minha concentração naquele momento era falha, não me recordo quantas vezes levantei-me e deixei a sala de espera e sai para fumar e para ela retornar. A angústia era tamanha! O sentimento de inferioridade, de impotência parecia me tragar para um lugar completamente escuro, onde nenhuma luz pudesse fazer vez, estava sendo tragado como à um buraco negro, onde atrai para si até a mais potente luz levando-a para a escuridão total. A paciente de meu deixa uma sala, para na mesa da secretária e agenda um retorno, nisso, aparece na sala de recepção a figura de meu amigo psicólogo. Me cumprimenta, estende a mão, abrindo em seu rosto um belo sorriso, um sorriso que me deu um vislumbre de confiança. Assim, ele, com sua voz calma, seu rosto transparecendo, paz, tranquilidade e segurança. Está foi a minha primeira consulta, meu primeiro passo a mundo que estava a mim reservado e que naquele instante ainda não sabia onde iria chegar, não sabia, mas estava começando a entrar em um mundo à mim totalmente diverso e totalmente novo. Continuaremos... 

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

O inicio de tudo - IV

Continuando (após um interlúdio com o vídeo de uma de minhas poesias).... Os meus sintomas foram de forma intensa e rapidamente me engolindo como se fosse um buraco negro. Quando mais buscava me afastar dos sintomas mais me sentia atraído pelos mesmos. Sentia em meus ombros uma dor indescritível que começava ao acordar e me acompanhava o dia inteiro. Parecia a mim, que tinha um outro "eu" sendo carregado em meus ombros e, somente encontrava alivio no álcool, uma vez que (hoje tenho amplo conhecimento disso.) por a sua atuação ser direta no sistema nervoso central, obtia assim, um resultado de falsa tranquilidade, como se aquele peso que havia carregado durante todo o dia tivesse me deixado livre. Mas como disse, tudo era superficial e falso. Uma vez terminado o ciclo atuante do álcool (somente cerveja ou vinho), o peso voltava e a cada dia parecia-me mais difícil e pesado, sentia-me um burro de carga, carregando uma carga extenuante. No meu dia a dia do escritório, este ficava cada vez mais longo e a minha tensão era cada vez mais insuportável. O simples toque o telefone me irritava e nada impedia que fechasse as portas a hora que bem quisesse e fazer o que queria, ou seja, beber. O meu senso de responsabilidade, o meu "eu", tirano de mim mesmo, fazia com que sofresse mais e mais. De uma forma ou de outra, existe um ditado popular que diz: "Não há mal que tanto dure, como bem que para sempre perdure." Ainda na primavera, no mês de outubro de 1999, descendo um rua central de minha cidade, antes de atingir a calçada para fazer a travessia, um amigo de longa data, me cumprimentou, lembro-me como se fosse hoje, ele disse: - Oi Alfredo! tudo bem? Ao que de mal grado lhe respondi: - Está tudo bem! foi nesse momento que ele se achegou a mim e eu parei e cruzei os braços e pensei: - "Só me faltava essa agora. Vai querer ser meu psicólogo." Bem na verdade a profissão deste meu ilustre amigo (que foram poucos), me encontrou com os braços cruzados sob o peito e  neles pousou sua mão e com a voz calma e mansa me perguntou: - "O amigo, que você têm? Você não me parece nada bem! Ao que lhe respondi: - " Ah! Você não vai querer dar uma de psicólogo em cima de mim! Vai? Sei que naquele momento fui totalmente grosso e ignorante, isto reconheci alguns meses mais tarde. Enfim, em síntese, conversamos naquela esquina, à sombra do toldo de uma loja, pois, o horário da tarde, incluindo o horário de verão, estava muito quente; e por mais de duas horas e trinta minutos conversamos. Ele foi a primeira pessoa com quem dei uma pequena e frágil abertura e para minha sorte este amigo soube aproveitar e despedimo-nos com o compromisso de que iria a seu consultório ao final da tarde do dia seguinte para iniciarmos um tratamento, dai.... continuaremos depois...

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O inicio de tudo - III

Dando sequencia .... No final de agosto de 1999, a empresa que havia adquirido, me vi obrigado a fechá-la, foi um momento muito triste. Contava com o crescimento daquela empresa comercial, mas por motivos alheios à minha vontade, não foi possível dar continuidade. Mas isto é apenas e tão somente um mero detalhe no começo de minha entrada no inferno terreno que iria entrar de vez! O meu escritório de advocacia até este ponto estava indo muito bem, porém quem não estava bem era eu. Ao simples toque do telefone a irritação tomava conta de todo o meu ser e pior, não sabia o motivo; a simples visão de um Oficial de Justiça que vinha me intimar para audiências ou para tomar conhecimento de algum processo em andamento, me causava um sofrimento imensurável. Atender cliente, mesmo os mais amigos, havia se tornado um verdadeiro calvário, um sofrimento atroz. E o pior de tudo isto é que não  tinha conhecimento do que estava acontecendo à mim e nem o porque, somente sentia que tinha vontade simplesmente de desaparecer, de sumir, de deixar de existir. No meu trabalho, o qual amo de paixão, estava me escorregando pelas mãos, como água, ou como fumaça dispersa ao sabor do vento. Petições (peças jurídicas de abertura de um processo), onde as mais simples, como por exemplo uma ação de separação judicial consensual, que pela prática e experiência, não me custava mais do que quinze a vinte minutos, muitas vezes até menos, não estava conseguindo elaborar referida peça se utilizando do dobro ou até o mesmo o triplo do tempo e mesmo assim, margeava em mim a dúvida sobre a presteza da peça. Desde o começo da carreira de advogado, sempre fui muito rigoroso para comigo mesmo, observando com muito cuidado as manobras judiciais que tinha que tomar a fim de nunca causar prejuízos a meus clientes. Mas do mês de setembro de 1999, a situação começou a ir de mal a pior e neste tempo, ficava olhando ansiosamente para o relógio, a fim de poder fechar o escritório e ir buscar no álcool a paz que desejava encontrar. Quero aqui também esclarecer, que não busquei somente no álcool o tranquilizante que naquele momento acreditava ser o certo, busquei também, ansioso e desesperado ao Mestres dos Mestres, Reis dos Reis, a Nosso Senhor Jesus Cristo; lia e refletia e orava desesperadamente à Deus para que me tirasse daquele inferno em que estava vivendo, e de tanto ler a Bíblia Sagrada, que estava escrevendo sobre ela, o que abandonei mais à frente, mais isso é para ser contado mais à frente....

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O inicio de tudo - II

Continuando.... Antes de falar do ano de 1999, devo por obrigação de lealdade, ou diria, de compromisso, retornar ao final de 1997, ocasião em que comecei a dar andamento ao meu plano, de deixar este plano. Em suma, foi nesta época que adquiri uma empresa comercial e a coloquei em nome de minha esposa, como sócia proprietária majoritaria e em nome de um de meus filhos. A intenção e o desejo deste meu projeto, não era apenas e tão somente que minha esposa e um ou outro filho tivesse um negócio próprio e muito menos, era deixar de exercer a advocacia (que é a minha paixão, além dos livros), mas o projeto tinha em minha mente e um fim predeterminado; tinha um objetivo muito singular. Queria, a bem da verdade, deixar uma garantia de renda extra para minha família, não obstante, a minha esposa ser professora e nesta época, de mutuo acordo, havia parado de lecionar para cuidar de nosso filho caçula, na época com quatro anos, MEU ANJO! Mas disso falarei mais tarde. Tinha também à época providenciado e pago a totalidade do premio de dois seguros de vida (é engraçado quando se fala em fazer seguro de vida; quando se faz isto é apenas pelo fato de que se está pensando em outra coisa, menos na própria vida, mas na vida daqueles que lhe são caros e que se tem muito amor), enfim, esta parte também estava providenciada. Mas o destino ou o acaso, ou sei lá como se pode chamar, alguns até mesmo podem dizer que é Divina Providência, a Mão de Deus. Sinceramente, não sei o que é ou o que foi, entretanto, em fins de agosto de 1999, vi meus planos, previamente arquitetados, simplesmente se esvaírem em fumaça, até se perderem na nebulosidade do manto que cobre a noite. Incrível! Meu plano, milimetricamente estudado e projetado havia escapulido por entre meus dedos, assim como outras coisas mais, estavam se perdendo a minha volta e me sentia impotente em não obter sucesso para segurar o que almejava. enfim, estava terminando apenas uma batalha, e a guerra nem havia sido iniciada ainda. Mas isto reservarei para a próxima postagem.....

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

O inicio de tudo

Para narrar a minha história pessoal, devo retornar no túnel do tempo. Começarei por volta do ano de 1997, quando a minha vida começou a mudar. Consultei vários médicos, desde neurologistas, clínicos gerais, clínicos vasculares, etc., porém, apesar de todas as quantidades de exames laboratoriais que realizei, estes, sempre apresentavam mais que excelentes e, todas as vezes, ouvia as mesmas coisas dos médicos que visitei: - "Engraçado. Os resultados de seus exames estão perfeitos, não encontrei nada errado. Talvez você devesse tirar alguns dias de descanso." Entretanto, o que na verdade eu necessitava era de uma resposta, qualquer que fosse; mas de uma resposta para o que estava ocorrendo comigo. Ora, eu não conseguia há muito ter uma noite de sono tranquilo, deitava e uma hora ou duas após, já estava em pé, rodando pela casa, sem eira e nem beira, buscava o apoio na televisão, que à época, ou se assistia filmes ou programas evangélicos, aqueles do tipo "Fala que eu te escuto"; isto somente me deixava pior, principalmente este último programa; quando não me afundava na leitura de livros de direito, livros já lidos e estudados, outros que ainda tinha em minha biblioteca caseira que já havia lido quando ainda cursava a faculdade de direito. Enfim, o sono vinha pela manhã, por volta das seis horas, que já estava na próximo da hora de levantar para levar meu filho a escola. Não querendo deixar o assunto principal, mas faço uma pequena incursão, a respeito de minha busca desesperada por uma resposta, uma ajuda. Esta busca me levou a deixar de frequentar a minha religião de nascença, e passei a frequentar e a conhecer algumas denominações religiosas. Hoje ao olhar para trás, vejo que a bem da verdade, eu parecia um macaco pulando de galho em galho. Abro aqui um parênteses, para contar que em uma destas denominadas igrejas neopentecostais, o pastor presidente, queria a todo custo, que eu fizesse um pequeno, rápido e intensivo curso para me tornar um pastor de sua igreja, havia somente um porém, tinha que raspar o meu bigode. Este é apenas um pitaco de minha história neste período de desespero e de busca por resposta. A passagem do tempo, eu ia me sentido cada vez pior e o que é mais grave, não sabia o que tinha e já não tinha mais onde buscar resposta. Confesso que sempre gostei de uma cerveja, diria que, um bebedor social. Porém, neste período sei que ao menos para sentir-me artificialmente melhor, mais relaxado, a quantidade da cerveja aumentou e muito neste período; tornei-me uma esponja, na espuma da cerveja, enfim, não via a hora de terminar com os meus compromissos para tomar a primeira no balcão de um bar e comprar no super mercado, várias garrafas que consumiria em minha casa. No frio, bebia vinho, ou cerveja sem estar gelada. Isto que estava fazendo era apenas um lenitivo, pois ao cessar o efeito alcoólico, no dia seguinte restava a situação (que ainda não sabia o que era) e a desgraça maior que era a ressaca. Mas enfim, fui sobrevivendo até chegar em meados de 1999. Mas está seguirei contanto...

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Vivendo com a depressão.

  • Ao iniciar este blog, tenho como finalidade de que o mesmo venha a ser útil para pessoas que passam  e sejam vítimas da depressão, bem como para os familiares e amigos de pacientes depressivos. É uma forma que encontrei para demonstrar, como paciente que sou; dos malefícios que a depressão causa nos seres humanos e naqueles que estão a sua volta. Estou em tratamento há mais de dez anos. Mas isto é uma história que contarei a conta gotas neste espaço. Isto pelo fato de que ao  descrever  sobre o meu estado de saúde, é como remexer em uma ferida quase cicatrizada. Nela procurarei demonstrar, também, o quanto  nocivo o é a dita Reforma Psiquiatra. Como foi que recebi a noticia da minha doença; quanto sofrimento adveio da mesma; quantos médicos e médicas já conheci; quais foram as medicações que já ingeri, enfim, vou de peito aberto, mas com uma finalidade precipua de que este possa vir a ser útil, nem que seja apenas para um paciente, um familiar, um amigo, um ser humano. Posto que, a doença é invisível e nem mesmo com as novas tecnologias, ainda não foi possível ingressar no micro universo que é a mente humana.