Páginas

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

A Primeira Consulta com um médico psiquiatra - I

Continuando.... Naquela manhã do mês de maio, acordei tenso (ou seja, quase nem dormi direito), nervoso, apreensivo e ansioso para o novo passo que iria dar na tentativa de descobrir o que se passava comigo. O por que daquele sentimento negativista que crescia dentro de mim e tomava conta de meu ser, dominando e reinando onde antes quem reinava e dominava era somente eu? Era muito difícil para mim entender o que estava me acontecendo, justamente a mim, que sempre tinha sido uma pessoa otimista e enfrentei qualquer tipo de trabalho, pois, não nasci em berço esplêndido, apreendi desde cedo a correr atrás de meus objetivos e sempre conquistava o que desejava. Trabalho duro, sim, mas sempre honesto e honrando. Não me envergonho de escrever sobre mim desta forma, posto que eu era assim, lutador, otimista, batalhador e tinha desde garoto o desejo de conquistar a carreira jurídica, ser um advogado, não apenas mais um, mas, ser um advogado na verdadeira expressão, no verdadeiro valor da profissão, que poucos reconhecem como uma profissão digna e abnegada.Mas enfim, deixei minha casa e percorri com meu veículo os sessenta quilômetros que une a grande metrópole - Capital - São Paulo, de minha pequena e deliciosa cidade interiorana. O consultório do afamado médico especialista ficava em uma zona nobre da Capital. Daí a entender em primeiro plano o alto custo de sua consulta; ao chegar ao endereço, estacionar meu veículo e visualizar o conjunto de prédios onde estava instalado o portentoso consultório, veio a confirmar o por que do preço elevado da consulta, afinal, eu havia conseguido uma vaga disputadíssima com o especialista! Então o que era o custo, afinal estava pagando o melhor que o dinheiro podia comprar! (ledo engano) Entrei no elevador que me conduziria ao andar onde ficava o consultório. Dentro de mim, uma verdadeira guerra se instalava naqueles segundos, minutos, onde parte de mim queria, desejava se afastar daquele local e outra parte de mim insistia veementemente na busca da resposta. Entrei no consultório. Esperava algo de maior porte e luxo; nada disso. Apenas uma pequena e bem decorada recepção, onde fui recebido com um largo sorriso pela secretaria do especialista, que pediu que aguardasse um pouco, pois, como sempre, os médicos, (com devido respeito), estão sempre com suas consultas, previamente agendadas, sempre atrasados; nunca descobri o porque disso, pois, se a consulta está agendada, com horário marcado, com quase mês de antecedência, não poderia estar atrasado. Porém, aqueles longos minutos que permaneci somente com meu pensamentos, que não me eram nada agradáveis e que por mais que tentasse me livrar dos mesmos, o caos somente aumentava, escrevo isto, face aos conhecimentos que havia amealhado a respeito da postura dos pensamentos positivos e até mesmo a respeito de meditações transcendentais e outros estudos esotéricos que havia realizado e até mesmo participado de algumas escolas da área, por longos anos. Enfim, tinha o conhecimento e acreditava, como ainda acredito, na força do poder mental e na força do positivismo, digo isso, vez que utilizei tais praticas por muito tempo e sempre com resultados positivos. Entretanto, naquele momento, de nada parecia valer os meus conhecimentos. E isto estava remoendo em meus pensamentos, quando o médico me chamou. Após as conversas preambulares, as perguntas do cotidiano, o especialista, me disse que iria realizar algumas perguntas e que minhas respostas deveriam seguir os meus sentimentos naquele justo momento. Daí veio um rol de dez perguntas, tais quais: " 1. Tristeza aparente; 2. Tristeza relatada; 3. Tensão interna; 4. Sono reduzido; 5. Diminuição do apetite; 6. Dificuldade de concentração; 7. Lassidão; 8. Incapacidade de sentir; 9. Pensamentos pessimistas e finalmente a décima 10. Pensamentos suicidas." Este questionamento se desdobrava, ou seja, cada uma destas perguntas, era apenas o tema para uma série de perguntas, para melhor explicar: -" Cada item se desdobra em quatro outros quesitos e daí que saí o primeiro diagnóstico." Muito mais tarde, vim a saber que tal procedimento se denomina como sendo uma escala de avaliação, que no meu caso foi aplicada a Escala de Avaliação para Depressão de Montgomery-Asberg. Para não cansá-los com a leitura integral da referida escala, deixarei de transcrevê-la na sua integridade, porém, quem quiser se aprofundar, pode utilizar a ferramenta de busca do google e irá encontrá-la em sua totalidade. Bem a fim de terminar, este bloco, quero dizer que para minha decepção, todas as minhas respostas foram sim, para todas as questões. Meu primeiro diagnóstico foi que eu era portador de uma depressão grave. Vieram os primeiros medicamentos... (continuarei)   

Nenhum comentário:

Postar um comentário