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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O inicio de tudo - V

Continuando... A noite que antecedeu a primeira consulta foi um verdadeiro caos. Minha mente estava inquieta; estava dividido em dois, ou até mesmo em mais "eus", intimamente não queria aceitar a ida ao consultório de meu amigo, mas minha abalada intuição me dizia que deveria ir. Em casa, nada contei. Aquele era um segredo meu, acreditava que o problema era somente meu e que era assim que devia ser, ou seja, tinha de resolvê-lo, tinha que encontrar uma saída, afinal, era o provedor da casa. Em síntese, ao despertar, ainda havia a dúvida em meu ser, em minha alma; um verdadeiro caos povoava a minha mente, os meus pensamentos. Ao fim do dia, na hora marcada, lá estava eu, dentro do veículo estacionado em frente ao consultório, ainda brigando internamente se deveria descer e entrar ou ligar o veículo e deixar o lugar. Como sempre fui zeloso com horários, pois, nunca gostei de esperar pessoas que marcavam e se atrasavam ou simplesmente não vinham e nem sequer ligavam para uma explicação e portanto, não podia, dentro ainda de meu senso de justiça, deixar o meu amigo me esperando, afinal ele abrirá uma porta, bastava atravessá-la, mas não imaginei a dificuldade que era de dar o primeiro passo. Não sabia onde iria entrar, não sabia nem mesmo o que iria dizer a ele, mas enfim, entrei. Sua secretária, me atendeu com um sorriso, olhou a agenda e meu nome lá estava, e ela me disse para aguardar que ele estava terminando de atender uma paciente e que logo seria a minha vez. Minutos intermináveis! Sentei-me, busquei concentrar a minha atenção em um gibi do "Chico Bento", mas minha concentração naquele momento era falha, não me recordo quantas vezes levantei-me e deixei a sala de espera e sai para fumar e para ela retornar. A angústia era tamanha! O sentimento de inferioridade, de impotência parecia me tragar para um lugar completamente escuro, onde nenhuma luz pudesse fazer vez, estava sendo tragado como à um buraco negro, onde atrai para si até a mais potente luz levando-a para a escuridão total. A paciente de meu deixa uma sala, para na mesa da secretária e agenda um retorno, nisso, aparece na sala de recepção a figura de meu amigo psicólogo. Me cumprimenta, estende a mão, abrindo em seu rosto um belo sorriso, um sorriso que me deu um vislumbre de confiança. Assim, ele, com sua voz calma, seu rosto transparecendo, paz, tranquilidade e segurança. Está foi a minha primeira consulta, meu primeiro passo a mundo que estava a mim reservado e que naquele instante ainda não sabia onde iria chegar, não sabia, mas estava começando a entrar em um mundo à mim totalmente diverso e totalmente novo. Continuaremos... 

Um comentário:

  1. Estou lendo ávidamente sua escrita! Parece que está falando de mim!
    Estou passando por algo bem semelhante!
    Quero muito saber como conseguiu sair dessa depressão! Porque eu não tenho mais forças!

    Obrigado por escrever....
    Abraço!

    Manuela

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