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sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

A Primeira Consulta com um médico psiquiatra

Continuando..... O mês de abril de 2.000, já havia se iniciado. Até aquele data ainda não havia seguido a orientação de meu amigo psicólogo. Apesar de minha cidade ser pequena, mas não conhecia ninguém da área médica que tivesse especialização em psiquiatria; mas ainda lutava para vencer o preconceito. Não queria, no âmago de meu ser, escolher e me tratar com um médico (a) de minha cidade. Nessa época, mantinha contato com um pastor de um igreja evangélica tradicional e antiga. O meu relacionamento com esse pastor se deu lentamente e passei a gostar de conversar com ele, face a sua cultura de modo geral e de sua inteligência assaz e até mesmo agradável. Foi através dele que tomei conhecimento de que iria ocorrer nos próximos dias uma palestra a respeito de depressão, e está, seria ministrada por um famoso médico psiquiatra de São Paulo e que dita palestra iria ter lugar em uma cidade vizinha a minha, na sede da igreja. Encontrei ali, um possível encontro com um médico que iria palestrar sobre um assunto que me interessava e pelo qual estava buscando em arguto desespero e ansiedade; poderia estar ali o começo de respostas para minhas infindáveis perguntas, sendo que todas elas, até aquele momento, só havia obtido respostas evasivas e desprovidas de um fundamento lógico e racional para o que estava me acontecendo. Quero aqui lembrar, que juntamente com a terapia que estava realizando com meu amigo psicólogo, havia me consultado um médico especializado - um neurologista - e, com receituário deste, estava ingerido cápsulas e mais cápsulas de vitaminas e complementos alimentares; posto que, na consulta já havia me posicionado que não tomaria nenhum tipo de psicotrópicos. Então, talvez querendo me agradar, receitou-me vitaminas e complementos alimentares (placebos - a bem da verdade). Bem na manhã da palestra - um domingo - lá me encontrava para ouvir o palestrante, entretanto, as horas se passaram e o mesmo não compareceu - frustração total e inimaginável - lembre-se - estava a busca de respostas. Porém mesmo assim, obtive com o pastor, o nome completo e o endereço do dito e respeitável médico, cuja fama, ultrapassava as fronteiras do Brasil. Desta forma se transcorreu o mês de abril de 2.000! Meu sofrimento já havia ultrapassado quaisquer barreira, do possível e do imaginário. Neste período já não conseguia exercer o meu mister da forma que sempre gostei, e fui lentamente me afastando do trabalho, pois, este passou a ser uma carga muito pesada, um fardo pesado de mais para que pudesse transportá-lo; mas por outro lado, havia minha família que tinha que sustentá-la, provê-la e, somente através de meu trabalho isso era possível, e como meu trabalho é de profissional liberal, não tinha de onde obter recursos caso parasse definitivamente de exercer minha profissão (está escolhida deste a mais tenra infância - advogado - amava e ainda amo minha profissão e a exerço com paixão). Existia também o medo de errar e prejudicar meus clientes, encontrava-me em uma situação bastante tensa. A corda estava esticada ao máximo e corria o risco de arrebentar a qualquer momento. Tinha tido a benesse de ter vencido uma grande demanda e havia recebido bons e vultuosos honorários, mas este não era garantidor do meu incerto futuro. A doença tomava conta sem sequer pedir licença e invadia o mais intimo de meu ser, abalando totalmente a minha estrutura emocional e neste ponto me sentia um ser desprezível, não mais necessário a este mundo e a esta vida. Tudo a minha volta se desmoronava e tentava no afã do desespero me agarrar a alguma coisa, mas, quanto mais tentava, mais sentia a perda. Enfim, no inicio do mês de maio de 2.000, acordei cedo, se é que posso dizer isso - havia me deitado apenas algumas horas antes - já de madrugada. Passei a manhã inteira com pedaço de papel onde estava escrito o nome do médico e o número de seu telefone. Era uma decisão que tinha que tomar! Cabia somente a mim tal decisão. O medo, o preconceito e todas as situações que sumariei acima contavam, cada qual com seu peso! Por volta das 11:30 horas, telefonei, uma secretária me atendeu, expus a ela em primeiro plano a minha urgente necessidade, aguardei por alguns minutos, a voz ao telefone me passou a data da consulta e valor da mesma (para a época - um absurdo de caro). Afinal, minha primeira consulta estava agendada, seria ainda no mês de maio.... (continuaremos)       

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