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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

O inicio de tudo - IV

Continuando (após um interlúdio com o vídeo de uma de minhas poesias).... Os meus sintomas foram de forma intensa e rapidamente me engolindo como se fosse um buraco negro. Quando mais buscava me afastar dos sintomas mais me sentia atraído pelos mesmos. Sentia em meus ombros uma dor indescritível que começava ao acordar e me acompanhava o dia inteiro. Parecia a mim, que tinha um outro "eu" sendo carregado em meus ombros e, somente encontrava alivio no álcool, uma vez que (hoje tenho amplo conhecimento disso.) por a sua atuação ser direta no sistema nervoso central, obtia assim, um resultado de falsa tranquilidade, como se aquele peso que havia carregado durante todo o dia tivesse me deixado livre. Mas como disse, tudo era superficial e falso. Uma vez terminado o ciclo atuante do álcool (somente cerveja ou vinho), o peso voltava e a cada dia parecia-me mais difícil e pesado, sentia-me um burro de carga, carregando uma carga extenuante. No meu dia a dia do escritório, este ficava cada vez mais longo e a minha tensão era cada vez mais insuportável. O simples toque o telefone me irritava e nada impedia que fechasse as portas a hora que bem quisesse e fazer o que queria, ou seja, beber. O meu senso de responsabilidade, o meu "eu", tirano de mim mesmo, fazia com que sofresse mais e mais. De uma forma ou de outra, existe um ditado popular que diz: "Não há mal que tanto dure, como bem que para sempre perdure." Ainda na primavera, no mês de outubro de 1999, descendo um rua central de minha cidade, antes de atingir a calçada para fazer a travessia, um amigo de longa data, me cumprimentou, lembro-me como se fosse hoje, ele disse: - Oi Alfredo! tudo bem? Ao que de mal grado lhe respondi: - Está tudo bem! foi nesse momento que ele se achegou a mim e eu parei e cruzei os braços e pensei: - "Só me faltava essa agora. Vai querer ser meu psicólogo." Bem na verdade a profissão deste meu ilustre amigo (que foram poucos), me encontrou com os braços cruzados sob o peito e  neles pousou sua mão e com a voz calma e mansa me perguntou: - "O amigo, que você têm? Você não me parece nada bem! Ao que lhe respondi: - " Ah! Você não vai querer dar uma de psicólogo em cima de mim! Vai? Sei que naquele momento fui totalmente grosso e ignorante, isto reconheci alguns meses mais tarde. Enfim, em síntese, conversamos naquela esquina, à sombra do toldo de uma loja, pois, o horário da tarde, incluindo o horário de verão, estava muito quente; e por mais de duas horas e trinta minutos conversamos. Ele foi a primeira pessoa com quem dei uma pequena e frágil abertura e para minha sorte este amigo soube aproveitar e despedimo-nos com o compromisso de que iria a seu consultório ao final da tarde do dia seguinte para iniciarmos um tratamento, dai.... continuaremos depois...

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