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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Encerrando o ciclo. (com correção)

(Continuando...) Após romper o longo relacionamento com minha médica, isto em fins de maio de 2.009, tomei a decisão de utilizar-me de meus direitos de cidadão, garantidos pela Constituição Federal, busquei assim o Serviço Único de Saúde - SUS. Reiniciei o tratamento no SUS de minha cidade, em 02 de junho de 2.009; mas aqui quero sintetizar o período de quase um ano de "tratamento". Neste período todo, conversei apenas com duas médicas, a primeira, me atendeu com a máxima atenção e cuidados e inseriu um novo medicamento - carbolitum – (sendo que este medicamento, a bem da verdade, nada ajuda em determinados casos de depressão, porém, mesmo assim, tomei o medicamente durante trinta dias) e determinou o meu retorno para trinta dias, isto que esta consulta somente ocorreu em 27 de agosto de 2.009, ou seja, três meses após ter realizado e preenchido as fichas necessárias; durante o período de junho a agosto, minhas receitas foram aviadas por um médico (meu conhecido), mas não especialista em psiquiatria, que seguiram o programa das receitas aviadas pela minha antiga médica. O prazo de retorno para trinta dias, conforme consta do pedido da primeira médica do posto de saúde mental, somente foi agendada para o dia 27 de dezembro de 2.009, a qual, por minha culpa, acabei por perder dita consulta (hoje sei que não faria diferença), mas até ali, continuava obtendo as receitas aviadas, da forma como já narrei. Cheguei inclusive a pegar alguns medicamentos que "gratuitamente" são fornecidos aos pacientes. Entretanto, tais medicamentos, não passam apenas de placentas,  vez que, são de laboratórios desconhecidos e não possuem a dosagem que realmente e por lei estariam obrigados a ter em sua formulação - mais um engodo do Governo Estadual, Federal e Municipal. Digo e afirmo, que tais medicamentos, adquiridos sempre com superfaturamento e distribuído "gratuitamente", não fazem os efeitos que teriam que fazer e a bem da verdade eles não são gratuitos, uma vez que todos os brasileiros, mesmo antes de abrir os olhos e acordar em sua cama, já estão pagando impostos extorsivos e estes não se revertem a população, ao menos no campo da saúde (e em outros campos também). Finalmente, foi para minha segunda (ocorreu em 12 de maio de 2010) e última consulta no SUS. A "médica psiquiatra" que me atendeu, deveria estar com maiores problemas que eu próprio. Me deu pena de ver tantas pessoas para serem atendidas pela aquela pessoa que se apresentava como médica especialista da área de psiquiatria, posto que a mesma, a mim me pareceu totalmente despreparada para ajudar os menos necessitados e os que não possuem voz para fazer valer os seus direitos. Tivemos uma forte e acalorada discussão. Fiz vê-la que a mesma estava ali para servir, ao final está é obrigação de todos os servidores públicos, seja a quem nível se encontre e não para ser servidos. Mas enfim. Deixei o local, fiz meu reclamo verbal ao chefe do posto da unidade mental, que me ouviu e pediu-me que o fizesse por escrito. Pensei em fazê-lo por escrito, mas afinal o que adiantaria; já tinha um processo administrativo junto a farmacêutica, onde reclamei da medicamento ali fornecido, que a mim, parece apenas farinha - cloridrato de sertralina 50mg - laboratório desconhecido; o que ocorreu com minha reclamação (escrita e assinada), com certeza está morta e enterrada em algum lugar. Tais situações, dentro deste sistema envolve muitas pessoas e muito dinheiro, portanto, alguém ou todos devem-se calar. É mais fácil! De certa forma, minha peregrinação junto ao Serviço de Saúde Mental de meu município, me propiciou a visão da realidade brasileira, ao menos neste meu pequeno mundo, na minha cidade, daí a imaginar outros rincões deste País Continental, o que o povo sofre nas mãos de governantes corruptos e marginais.  Verdadeiramente sinto pena e por vivência própria, sei que os medicamentos fornecidos não têm em sua formulação a farmacologia ideal a fim de propiciar uma melhora na vida mental dos pacientes que não dispõe de recursos para buscar um tratamento mais adequado a cada caso, mesmo sendo este seu direito e um dever do Estado. Como nesta narrativa, esta é o encerramento de um ciclo, tenho que dizer que ainda continuou em tratamento e hoje com um médico; se trágico não fosse, a escolha deste meu novo médico, deu-se em meu escritório, que à época estava montando um processo de interdição (quando ainda prestava serviços de assistência judiciária), li, reli e tornei a ler um relatório médico, que, quer pela forma, quer pela escrita, convenci-me que estava diante de um médico verdadeiro, terminei de montar o processo e liguei marcando com este uma consulta, que ocorreu em 20 de maio de 2.010. Há um ano que mantenho o meu tratamento sob sua indicação, onde a maioria dos medicamentos que tomava foi paulatinamente sendo substituídos por outros. Enfim, encerrando este ciclo, não poderia deixar de escrever sob a minha teoria a respeito das possíveis causas da depressão. É cristalino que nosso cérebro é um microcosmo de aproximadamente 1,3 quilograma, mas neste pequeno espaço, se esconde a maior aventura humana. Cientistas de todo o mundo busca desvendar os mistérios que envolve a mente humana; têm obtido avanços significativos, porém, na maioria das vezes envolve apenas muita especulação e de outras se fundamentam em evidência, mas que ao final, em minha humilde opinião, longe estão de desvendar o maior dos mistérios humanos – o funcionamento do cérebro! No caso in concreto, desta narrativa, posso afirmar que para o paciente depressivo, no caso crônico da doença, estará sempre a sua frente o cálice de cicuta; caberá a este, afastá-lo ou ingeri-lo, mas tenho a certeza de que o cálice de cicuta, mesmo que se o coloque em local de difícil acesso e ou até mesmo, em um local fechado a sete chaves, podes ter a certeza de que o mesmo estará sempre a disposição. Evidente que com isso que afirmar que existe a total possibilidade de um paciente depressivo ter e levar uma vida praticamente quase que normal, bastará que ele (paciente) mantenha sempre um foco possível e adequado para sua sobrevivência e em assim sendo, o cálice de cicuta criará pó o bastante para envolvê-lo completamente. Digo isso por experiência própria, por vivência e não apenas por estudos teóricos. Afirmo – é possível ter vida própria, mesmo estando em tratamento de depressão por um longo período.
Sei, através de vários estudos, que a teoria dominante a respeito das causas da depressão, segundo os especialistas e cientistas, onde estes afirmam que as causas da depressão é hereditária e genética. Bem, confesso que nada sou, nem cientista e muito menos especialista na área, mas de tudo o que li, está teoria, está simplesmente baseada, apenas e tão somente em evidências, não em provas reais e fáticas. Pode até existir um fundo de verdade, quem sou para negar. Agora, pela minha experiência vivida, acredito que as causas da depressão pode até mesmo começar na vida ultra interina; porém, não posso aceitar como fator cego, que a depressão tenha como causas fatores de hereditariedade; genética até aceito, mas hereditário não. Atualmente, ainda em tratamento, tomo as medicações, mas com uma grande diferença; conheço meu inimigo (doença) e na arte da guerra, para vencê-la, o primeiro passo é conhecer muito bem seu inimigo, foi o que fiz; estudei, busquei todas as informações possíveis a respeito e hoje levo uma vida normal e estou totalmente estabilizado e exercendo a minha amada profissão. É certo que possuo agora, uma outra visão do mundo, não somente de meu mundo particular, mas do planeta como um todo, porém, este não é um fato que desejo declinar neste trabalho. Pois, este trabalho, a mim, têm o condão de servir de um pequeno lume para outros (as) que como eu, atravessamos mares bravios e escuridão total, para estes, afirmo, existe uma saída, existe vida na depressão, seja ela, em que grau for! Enfim e finalmente para encerrar e fechar este ciclo, quero fazê-lo com uma frase de Machado de Assis, extraído de sua Obra - Dom Casmurro, onde ele cita que: "A vida é uma Opera."      

terça-feira, 5 de julho de 2011

Encerrando o ciclo.

(Continuando...) Após romper o longo relacionamento com minha médica, isto em fins de maio de 2.009, tomei a decisão de utilizar-me de meus direitos de cidadão, garantidos pela Constituição Federal, e busquei assim o Serviço Único de Saúde - SUS. Reiniciei o tratamento no SUS de minha cidade, em 02 de junho de 2.009; mas aqui quero sintetizar o período de quase um ano de "tratamento". Neste período todo, conversei apenas com duas médicas, a primeira, me atendeu com a máxima atenção e cuidados e inseriu um novo medicamento - carbolitum - e determinou o meu retorno para trinta dias, isto que esta consulta somente ocorreu em 27 de agosto de 2.009, ou seja, três meses após ter realizado e preenchido as fichas necessárias; durante o período de junho a agosto, minhas receitas foram aviadas por um médico (meu conhecido), mas não especialista em psiquiatria, que seguiram as receitas aviadas pela minha antiga médica. O prazo de retorno para trinta dias, conforme consta do pedido da primeira médica do posto de saúde mental, somente foi agendada para o dia 27 de dezembro de 2.009, a qual, por minha culpa, acabei por perder dita consulta (hoje sei que não faria diferença), mas até ali, continuava obtendo as receitas aviadas, da forma como já narrei. Cheguei inclusive a pegar alguns medicamentos que "gratuitamente" são fornecidos aos pacientes. Entretanto, tais medicamentos, não passam apenas de plancentos,  vez que, são de laboratórios desconhecidos e não possuem a dosagem que realmente e por lei estariam obrigados a ter em sua formulação - mais um engodo do Governo Estadual, Federal e Municipal. Digo e afirmo, que tais medicamentos, adquiridos sempre com superfaturamento e distribuído "gratuitamente", não fazem os efeitos que teriam que fazer e a bem da verdade eles não são gratuitos, uma vez que todos os brasileiros, mesmo antes de abrir os olhos e acordar em sua cama, já estão pagando impostos extorsivos e estes não se revertem a população, ao menos no campo da saúde (e em outros campos também). Finalmente, foi para minha segunda (ocorreu em 12 de maio de 2010) e última consulta no SUS. A "médica psiquiatra" que me atendeu, deveria estar com maiores problemas que eu próprio. Me deu pena de ver tantas pessoas para serem atendidas pela aquela pessoa que se apresentava como médica especialista da área de psiquiatria, posto que a mesma, a mim me pareceu totalmente despreparada para ajudar os menos necessitados e os que não possuem voz para fazer valer os seus direitos. Tivemos uma forte e acalorada discussão. Fiz vê-la que a mesma estava ali para servir, ao final está é obrigação de todos os servidores públicos, seja a quem nível se encontre e não para ser servidos. Mas enfim. Deixei o local, fiz meu reclamo verbal ao chefe do posto da unidade mental, que me ouviu e pediu-me que o fizesse por escrito. Pensei em fazê-lo por escrito, mas afinal o que adiantaria; já tinha um processo administrativo junto a farmacêutica, onde reclamei da medicamento ali fornecido, que a mim, parece apenas farinha - cloridrato de sertralina 50mg - laboratório desconhecido; o que ocorreu com minha reclamação (escrita e assinada), com certeza está morta e enterrada em algum lugar. Tais situações, dentro deste sistema envolve muitas pessoas e muito dinheiro, portanto, alguém ou todos devem-se calar. É mais fácil! De certa forma, minha peregrinação junto ao Serviço de Saúde Mental de meu município, me propiciou a visão da realidade brasileira, ao menos neste meu pequeno mundo, na minha cidade, daí a imaginar outros rincões deste País Continental, o que o povo sofre nas mãos de governantes corruptos e marginais.  Verdadeiramente sinto pena e por vivência própria, sei que os medicamentos fornecidos não têm em sua formulação a farmacologia ideal a fim de propiciar uma melhora na vida mental dos pacientes que não dispõe de recursos para buscar um tratamento mais adequado a cada caso, mesmo sendo este seu direito e um dever do Estado. Como nesta narrativa, esta é o encerramento de um ciclo, tenho que dizer que ainda continuou em tratamento e hoje com um médico; se trágico não fosse, a escolha deste meu novo médico, deu-se em meu escritório, que à época estava montando um processo de interdição (quando ainda prestava serviços de assistência judiciária), li, reli e tornei a ler um relatório médico, que, quer pela forma, quer pela escrita, convenci-me que estava diante de um médico verdadeiro, terminei de montar o processo e liguei marcando com este uma consulta, que ocorreu em 20 de maio de 2.010. Há um ano que mantenho o meu tratamento sob sua indicação, onde a maioria dos medicamentos que tomava foi paulatinamente sendo substituídos por outros. Enfim, encerrando este ciclo, não poderia deixar de escrever sob a minha teoria a respeito das possíveis causas da depressão. Creio que já em outras postagensultrainterino, possa ser se não no todo, mas com maior contribuição para o desencadeamento de uma crise depressiva e até mesmo uma depressão cronica. Atualmente, não posso afirmar com todas as letras, mas estou mais voltado para o  niilismo, do que para qualquer outra coisa. Enfim e finalmente para encerrar e fechar este ciclo, quero fazê-lo com uma frase de Machado de Assis, extraído de sua Obra - Dom Casmurro, onde ele cita que: "A vida é uma Opera."      

quarta-feira, 1 de junho de 2011

O tratamento XI

(Continuando). Encerrei o ano de 2.005 em condições favoráveis. em 2.006, minha consulta já ocorreu logo no primeiro mês, onde pela avaliação de minha jovem médica, me encontrava; "com boa aparência, menos ansioso, porém mais sonolento. Menos tenso, bem disposto." Não pensei leitores(as) que minha memória é infalível; as frases acima fazem parte do meu prontuário médico, portanto, estas palavras foram escritas por minha médicos. É um direito do paciente e uma obrigação legal do médico, seja de que área médica for. Portanto, quando estiver se tratado tenha plena consciência de que você paciente, têm direito ao prontuário médico - é Lei! Mas deixemos de lado e sigamos a meta que me interessa. É evidente que no tratamento da depressão, todos os pacientes, passaram por altos e baixos, mesmo utilizando corretamente a medicação. Porém o que ocorre com muita, mas muita frequência, e que o paciente depressivo, deixa de tomar a medicação indicada, acreditando já estar sanado o seu problema e aí, e daí, advém a recaída e de forma muito mais avassaladora do que a primeira crise depressiva. Não que tal fato tenha ocorrido comigo neste período, com exceção do que já narrei no inicio deste blog. Muitas das vezes, o médico (a) busca alternar medicamentos objetivando uma melhora para o paciente e foi assim em maio de 2.006, que mantive o meu primeiro contato com o chamado Clonozepan - nome mais conhecido comercialmente como Rivotril. Tive a medicação Tranquinal suspensa e em seu lugar o Rivotril que comecei a tomar apenas e tão somente trinta e cinco gotas diariamente. E, como estava trabalhando bastante, o ano transcorreu com tranquilidade e em face de haver me aprofundado nos estudos (autodidata) a respeito da depressão e também da farmacologia que estava ingerindo, obtive resultados pessoais impressionantes, posto que, consegui e obtive a vitória em dominar a depressão e mantê-la sob constante domínio. É algo que para muitos pode parecer impossível, mas afirmo - É TOTALMENTE POSSÍVEL DOMINAR A DEPRESSÃO E DEIXAR QUE QUE ELA DOMINE VOCÊ! Digo e afirmo isso por experiência própria. Daí esta minha narrativa. Ao que também chamo atenção. Em nenhum momento negligenciei em tomar os medicamentos nas horas devidas. O ano de 2.007, também transcorreu sem qualquer amargor maior daquele que já havia passado. Ainda sentia o preconceito de meus semelhantes, mas os perdoo, pois o preconceito nasce da ignorância, daí, nasce o meu perdão. Confesso que até me diverte um pouco com o preconceito. Não iria narrar, mas considero tal engraçado que o farei: - Estava na defesa de uma cliente e a parte contrária, ignorante, diga-se de passagem; passou a fazer ligações ameaçadoras para minha cliente e este, não satisfeito, teve a petulância, de vir até meu escritório na tentativa de ameaçar-me, o que também não surtiu qualquer efeito; porém, ele, não se deu por vencido, acabou por me contatar via fone e despejou ameaças absurdas e risíveis; mas o mais interessante de toda está narrativa foi quando eu lhe disse que fazia tratamento psiquiátrico. A sua fala é que foi interessante, pois ele me disse: "O dr. está me ameaçando?" Veja o que é a ignorância e o que faz o preconceito. Era eu que estava sendo ameaçado por ele e quando lhe digo que estava fazendo tratamento psiquiátrico, ele se sentiu ameaçado. É uma pena que não possa nominar o reles ser humano que fez e cometeu tal ato, apesar que, também não é merecedor de crédito algum a sua ignorância humana. Mas, meu tratamento, com está jovem e amável médica foi até o mês de maio de 2.009. Mas isto é passado! Seguirei narrando os acontecimentos e tenham certeza, ficaram surpresos! (Continuarei)           

quinta-feira, 24 de março de 2011

O tratamento X

(Continuando...) Findou-se o ano de 2.004. Ainda continuava o meu tratamento, somente que agora, as consultas estavam mais espaçadas. Com isso, tinha duas vantagens. Não sofria mês a mês a cada ida ao consultório de minha médica e também economizava o dinheiro da consulta. Acaso entre uma consulta e outra, necessitasse de uma receita, bastava contatar com a minha médica e normalmente retirava a receita com a secretaria. Neste período, posso dizer que me encontrava totalmente estabilizado. Estava sendo medicado com Cloridrato de Sertralina, Sulperida e Tranquinal. Para que tenham consciência do equilíbrio que me encontrava, fui durante o ano todo de 2.005, apenas cinco vezes ao consultório de minha médica. Enfim, sentia-me extremamente confiante e trabalhava normalmente, salvo raras exceções, mas havia retomado integralmente meu ritmo normal de trabalho. Me sentia bem, o que me incomodava era a ingestão dos medicamentos; conforme já narrei, não suportava tomar medicamentos. Apesar de já ter narrado algumas vezes, afirmando que não entraria no tópico relacionado à religião; entretanto, não posso deixar de narrar sobre a questão. A doença e a religião ou religiosidade que em mim existia, caminharam lado a lado, até um certo momento de minha vida. Sei que alguns leitores (as) poderão até mesmo de imediato não me compreender. Isto não me causará incomodo algum, caso venham as criticas, pois o que vou narrar é o que de verdade ocorreu comigo. Por isso, não retornarei muito no tempo, somente farei algumas ilações a respeito do que se passou comigo, pois como já narrei anteriormente, este blog é para servir de bussola, de norte para os(s) leitores (as) e muitas das vezes a fé cega, faz mais estragos do que se pode imaginar. Em rápida e pequena síntese. - Nasci no seio da Igreja Católica, onde segui por longo tempo seus dogmas e suas demonstrações de fé, sendo nela batizado e crismado e ainda foi nela que casei. Mas minha mente curiosa e meu desejo de conhecer mais e mais, fui me aprofundando na leitura da Bíblia Sagrada e livros de teologia cristã. Esta busca, me levou a conhecer as mais variadas seitas e igrejas evangélicas, deste as tradicionais até as chamadas neo pentecostais. Em algumas delas não somente fui conhecer, através de uma simples visita, cheguei mesmo a participar por algum tempo de algumas delas. Minha esposa seguia e ainda segue a Igreja Católica. Assim, quando estava no auge de minha enfermidade, porém, sem tê-la ainda descoberto, ou seja, tudo o que eu estava passando, as dores que estava sentindo, os problemas na vida profissional e na vida financeira; tudo, mas tudo era no chavão dos pastores evangélicos era de que:- "É a vontade de Deus! Ele têm uma grande obra para vossa vida! Entregue-se ao Senhor Jesus Cristo e o mais Ele fará!" e etc.etc., etc. Minha casa e meu escritório haviam virado pontos de oração; já não mais importava quem estava orando ou o porque estavam orando. Difícil era a semana que não existia ao menos dois grupos de igrejas com denominadores diferentes que se aportavam em minha casa com o objetivo único de "espantar os demônios" e esses grupos pregavam a palavra Sagrada (a Bíblia - que eu já conhecia de cor e já havia decorado passagens, escritas tanto no Velho Testamento como no Novo Testamento - eu tinha grande intimidade com a Bíblia Sagrada). Não quero aqui fazer discriminação de religião ou seita alguma; pois, todas estavam com as portas abertas, eu que abelhudo, ia na minha busca ao Sagrado, daqui acola, sem nada encontrar e também sem encontrar as respostas que me afligiam. Enfim, somos todos seres humanos e portanto, somos seres falhos e imperfeitos. Como narrei acima, a respeito dos chavões utilizados por evangélicos, (não que estejam errados; é assim que eles creem, é está a fundamentação da fé que eles professam e pregam) tanto que tenho vários amigos que são pastores evangélicos e quando nos encontramos, nossa conversa nunca descamba para o lado religioso, e assim, vamos respeitando a crença e a fé de cada um. Este parenteses se fez necessário, uma vez que, dentro da minha doença, antes de havê-la descoberto, acreditava eu que a cura e a paz que eu buscava viria pela fé e isto, não aconteceu, sendo que acabei, após ter descoberto que o que havia tirado a minha paz de espírito e estava me levando para baixo, para o fundo, para a porta de Hades, era a maldita doença da depressão. Assim, depois de haver descoberto a doença e começado o tratamento, uma das primeiras decisão foi a de deixar de frequentar qualquer templo religioso e também de qualquer seita religiosa. A questão agora estava na busca interna e não mais externa. Enfim, com o auxilio dos medicamentos (minha muleta) reencontrei o equilíbrio, durante estes períodos. Isto não quer dizer que deixei de crer, deixei de ter fé. Só que agora era a ligação direta, não mais queria intermediários. (Continuarei....)          

quinta-feira, 10 de março de 2011

O tratamento IX

(Continuando...) Assim como se passou o ano de 2.003, o ano de 2.004 começou, como não podia deixar de ser, com uma consulta à então, minha médica, em janeiro de 2.004 e o sobe e desce da dosagem na medicação seguiu em frente. Entretanto, a cada dia que passava, me fortalecia mais e mais. O meu trabalho havia retornado a quase total normalidade e o serviço aumentava dia a dia, e com isso fui pouco a pouco, reconquistando a mim mesmo e o que havia perdido, em termos financeiros. Porém, uma coisa que perdi e que é impossível de se repor, foi a convivência com meu filho caçula, posto que, em virtude de minha situação, não consegui conviver com ele da mesma forma que convivi com meus outros filhos. Mas isto, está sendo devidamente compensado nos dias atuais, tanto que, já há mais de dois anos é ele o meu secretário particular, isto quando não está na escola, sendo que, no ano atual, ele está com compromissos escolares deste à manhã até a parte da tarde, com exceção das terças-feiras e sextas-feiras. No mais é estudo o dia inteiro. Mas voltando para o meu caso, no ano de 2.004 as consultas foram mais espaçadas, o que dantes era feito, entre trinta à quarenta e cinco dias, agora já estava indo para as consultas a cada sessenta dias. Isto também me fez sentir muito melhor comigo mesmo. Pois, apesar de ter um carinho especial por minha médica; me sentia irritado no dia da consulta, e essa irritação aumentava no mesmo grau em que se aproximava da hora da consulta. Com certeza, lá era o último lugar que gostaria de estar naquele dia. Mas mesmo assim, nunca deixei de ir a nenhuma consulta agendada previamente. A depressão, no meu caso especifico, me fez perder o meu "EU"; o meu norte, o meu caminho. Sendo que, tomando os psicotrópicos, já não me sentia mais o meu "EU", era como se este estivesse dentro de mim, mas afastado, muito longe em um lugar onde não podia contatá-lo. É simplesmente uma experiência marcante, indelével; mas que dói e machuca, marca à ferro quente, dentro do íntimo do ser; vai dentro das profundezas de nosso ser e lá, deixa a sua marca, sem dó, sem caridade e sem pedir licença. O sofrimento de uma doença que não transparece aos nossos semelhantes é algo extremo e abala todas as suas estruturas, sejam elas, mentais, emocionais ou psíquicas. A minha profissão é altamente estressante, pois, nós advogados(as) somos um dos pilares que dão sustentáculo ao sistema jurídico do país, ou seja, em qualquer país democrático, o profissional do direito (advogados(as)) são essenciais a manutenção da ordem jurídica do país. Mas amo o que faço, mas mesmo assim, não deixa de ser estressante, pois, lido com os problemas alheios e é meu dever fazer e dar o melhor de mim, para auxiliar àquele(a) que confia a mim o seu problema jurídico. Portanto, a minha luta contra a depressão, repetindo, era diária. Mas sentia-me fortalecer a cada passo que dava. E certo, que muitas vezes estava esgotado e cansado do trabalho, mas isto não me fazia desanimar, ao contrário, queria e desejava seguir em frente. E isto me fez estudar mais e mais a respeito de meu caso, o que por agora me habilita a efetuar tal narrativa, com o intuito de alerta às pessoas que sofrem o que sofri e não têm sequer consciência do que lhe está afetando. Confesso, que ainda não recuperei o meu "EU" integralmente, mas já obtive sucesso em reconquistar parte dele. Mas enfim, tenho ainda muito a narrar, o que farei na sequência deste blog. (continuaremos...)     

quinta-feira, 3 de março de 2011

O tratamento VIII

(Continuando...) O ano de 2.002 também ficou para trás. Ainda estava na busca da provável cura. O ano de 2.003 estava em curso, quando em 11 de fevereiro de 2.003, quase a totalidade de minha medicação foi alterada por minha jovem médica. Está me receitou novos medicamentos, como também com novas dosagens. Passei a ingerir: Sertralina 75mg, dois comprimidos ao dia; Tranquinal (ansiolitico), quatro comprimidos de 0,5 mg ao dia o que totalizava 20,0 mg, por dia e também foi inserido a Sulperida, desta ingeria três compridos ao dia. Este último medicamento, me trouxe sérios transtornos e, principalmente, me fez ganhar peso. A bem da verdade fiquei inchado e ultrapassei os dois dígitos da balança rapidinho. E assim, o ano de 2.003, transcorreu com seus altos e baixos, sendo que a dosagem dos medicamentos subiam e desciam de acordo com as minhas abaladas condições. Neste período, meu trabalho se desenvolveu amplamente e me sentia renovado e com forças para exercer minha amada profissão. Entretanto, com a moeda possui duas faces distintas, os medicamentos não fogem à regra. Todos eles, tinham e ainda têm seus efeitos colaterais terríveis, como por exemplo:- me fez ganhar peso, tinha tonturas, encefáleia, etc. Mas tudo isso era contornável; era possível viver com uma condição melhor de vida. Os medicamentos me serviam de muletas e era obrigado a usá-los a fim de ter uma condição de sobrevivência mais condizente com a realidade. Neste período também, me dediquei aos estudos a respeito da minha doença, buscando nas informações técnicas, obtidas através de fontes diversas, ou seja, livros de medicina, utilizados nas faculdades de medicina; livros técnicos específicos a respeito da doença em si, utilizei também a internet na busca de toda e qualquer informação que me fosse útil. Era meu desejo encontrar uma saída, uma brecha no emaranhado e confuso caos da mente humana. Cheguei até mesmo realizar estudos, não tão profundos, mas de relativa complexidade, sobre o funcionamento do cérebro humano. De tudo isto o que restou é que alguns tipos de depressão são efetivamente curadas, caso o paciente, não permita que esta chegue a um nível crônico e muito mais difícil de tratar, pois, repetindo, existem vários tipos e níveis de depressão e torno a repetir, quem pode avaliar com precisão cirúrgica estes níveis, é um especialista na área da psiquiatria, pois, dentro da área da psiquiatria, existem várias formas técnicas do conhecimento humano que dá ao médico especialista da área psiquiátrica elementos de convicção para a avaliação do nível de depressão em que se encontra o paciente. Dependendo do nível, a cura é possível. Mas dependendo do caso, infelizmente, não há cura! Ao menos foi o que apurei em meus estudos à respeito do caso. Você caro (a) leitor (a), pode até mesmo já ter ouvido que pessoas se curaram da depressão e abandonaram os medicamentos. Aqui necessário se fazer uma observação - muitos pacientes sofrem de depressão em um determinado nível, que apenas uma pequena (ínfima) quantidade de medicamente já faz uma grande diferença e esta pessoa após alguns meses, sem retorno e sem consulta a seu médico deixa por conta própria de se medicar. É verdade, ela pode estar curada, entretanto, não era o meu caso, este que aqui narro. Acaso, pensam vocês que não tentei parar com os medicamentos? O sofrimento da abstinência e o perigo de uma recaída, é apenas separado por uma tênue linha no espaço e no tempo. Um erro, um momento de indecisão pode ser fatal! Portanto, antes de deixar de tomar os medicamentos que lhes foi ou foram receitados, se orientem com vosso (a) médico (a), como fazer a retirada dos medicamentos. Sei de antemão, que a orientação será de que você deverá fazê-lo lentamente, ou seja, as dosagens dos medicamentos irão sendo diminuídas e com isso o sofrimento (abstinência) será muito menor e chegará o dia que estarás livre das necessária e impertinente muletas (que são os medicamentos), que se fizeram necessárias durante certo período de vossas vidas. (continuaremos...) 

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O tratamento VII

(Continuando...) O ano de 2.001 transcorreu. Nele houve altos e baixos. Momentos de lucidez e momentos de extrema amargura. A dor interior que sentia era terrível! Era uma dor inaudita, desconhecida dos demais e também não podia ser vista pelos que estavam a minha volta, que conviviam comigo. Minha luta não era apenas diária, mas segundo a segundo! Não havia tréguas! O que me fazia lutar para ter uma sobrevida estava naquele que chamo deste o inicio desta narrativa de meu anjo. Meu pequeno anjo de carne e osso! Meu filho caçula! Era nele e por ele que concentrava as minhas tenras e abatidas forças para lutar contra o mal que me atingia de forma vil e covarde; tentando destruir-me e por vezes quase obtendo seu objetivo final. Mas a cada dia que me levantava da cama e lia as letras grafadas por meu filho; aquilo me dava forças para enfrentar o que quer que fosse e aonde fosse e contra quem fosse. Não mais havia temor e medo dentro de mim, somente a vontade de escapar daquela situação em que me encontrava e vencer. O ano de 2.002, começou a melhorar. Já havia aberto novamente o meu escritório, já estava atuando e por incrível que possa parecer, estava atuando até melhor do que antes da minha crise. Foi nesta época que minha medicação foi sendo substituída. Deixei de tomar o caríssimo Efexor Xr e passei a tomar Cloridato de Fluoxetina  e Tranquinal e somente em dezembro de 2.002, foi inserido na minha medicação o medicamento Tofronil, sendo que este último somente o tomei durante trinta dias. Neste período, passei por uma turbulência de sonhos e pesadelos. Um dos meus sonhos, que ficou gravado até os dias de hoje e sei que ficarão, creio, até o final de minha existência, por ter o mesmo sido repetitivo, que foi o fato de que no sonho, estava eu, de volta aos bancos da faculdade que cursei nos idos de 1981. Resumo, estava cursando direito novamente. E durante os sonhos (que a mim parecia real), eu discutia teorias jurídicas com meus professores, e até mesmo havia conflito com os colegas de classe, que me diziam que o professor ainda não havia passado aquela matéria. Conheço superficialmente a teoria dos sonhos apresentadas pelo Pai da Psicanálise Dr. Sigmund Freud, onde ele alude que os sonhos têm conotação sexual; mas também apreendi nas leituras do seu então pupilo, que no meu humilde conhecimento e na minha opinião pessoal, veio a superar seu mestre, o Dr. Carl Gustav Jung, onde este em sua teoria sobre os sonhos, segue a linha mais espiritual. Gosto de ler e apreender com ambos, independente da teoria de cada, mas (minha opinião pessoal), prefiro Jung. Mas enfim, depois de muitos e muitos sonhos, todos repetitivos; dentro do sonho, estava eu, no hall de entrada da faculdade, como ela era na minha época de estudante, quando brilhou em minha mente, o por que de tanta confusão com meus colegas e professores; eu já estava formado e advogando há mais de duas décadas e meia. Daí, deste dia em diante, os meus sonhos simplesmente desapareceram; é óbvio que tive outros sonhos, mas acredito ter sido pertinente mencionar ao menos um deles, objetivando demonstrar que existe racionalidade em meio ao caos mental. Portanto, todos aqueles que estejam passando por um tratamento psiquiátrico, no caso especifico da depressão, podem sim sonhar, seja acordado ou seja dormindo. Dentro de um sistema de lógica e racionalizada, o que quero dizer com isso é que o depressivo não perde a razão; fato este que não posso afirmar em relação a outras patologias mentais, como por exemplo a esquizofrenia. E assim, fui conquistando dia a dia minha condição profissional e agia como se estivesse começando a carreira. Sabes que é muito mais difícil recomeçar do que iniciar uma carreira profissional. Principalmente quando se vive em uma pequena cidade interiorana e repleta de preconceitos idiotas e também ignorantes, digo isso, no sentido de desconhecerem por completo a doença - depressão. Afirmo também, que somente quem passa pelas crises depressivas agudas ou não, podem dizer o que é e como a depressão afeta o interior de um ser humano. Apenas como exemplo, uma vez que nunca escondi de quem quer que seja a doença que me afetava, pois, apreendi a lidar com ela e, também lidar com uma sociedade totalmente ignorante quanto ao assunto depressão, que não uma, mas várias vezes, pessoas me paravam e me perguntavam: - "O que eu sentia? Como são os sintomas da depressão? Etc." e outras me diziam:- "Você com depressão?! O que é isso? Você sempre foi uma pessoa muita ativa, como pode estar com depressão? Caros (as) leitores (as), como era e ainda é difícil você tentar explicar algo que não se pode mensurar e não se pode medir, como também não se é possível fotografar e nem ao menos se consegue visualizar através de um raio x e, ou, até mesmo de exames computadorizados e exames radionicos. Eu, simplesmente, abria um sorriso "amarelo", e respondia: - "Se eu lhe dizer que estou com câncer em alguma parte de meu corpo, simplesmente lhe bastaria, isto pelo fato de que esta doença pode ser visualizada!" E muitas e muitas perguntas e respostas, tudo dependia de quem perguntava e assim lhe dava a resposta. Porém o que mais me impressionou e até mesmo por isso que estou fazendo esta narrativa, foi a grande quantidade de homens querendo informações sobre a doença e de que forma eu descobri e de que forma ela se manifesta. Enfim, a falta de informação, quer pelo governo federal, estadual e municipal, ou por qualquer ONG, (onde existem até para a defesa de baleias, etc.,) não que eu seja contra a defesa da natureza; porém, a própria natureza humana se esquece de defender a si própria e o maior contraste é a malfadada Reforma Psiquiátrica, que fechou milhares de leitos  para atendimento de pacientes mentais no Brasil e que também existem em nossos presídios (depósitos de homens e mulheres), pessoas mentalmente doentes que se encontram presas e sem tratamento adequado. Mas, como fiz com a questão da crença e da religião, não quero misturar aqui a questão política sobre a saúde mental em nosso amado País. (Continuarei...)    

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O tratamento VI

(Continuando...) Esses parênteses que abro, são essenciais para um melhor entendimento de como a doença de afetou, não só a mim como também à minha família e no meu trabalho. Devo aqui, por uma questão de valoração à jovem médica que me atendeu por anos; sendo que as primeiras consultas com ela, onde está também me deu a oportunidade de retorno, como narrei em uma postagem atrás, onde foi atendido pela mesma três vezes em apenas um mês e está também não somente foi de ajuda imensa, como colaborava com medicamentos, principalmente o Efexor XR, que era um dos mais caros, e quando obtinha amostras grátis ela me repassava algumas caixas. Confesso que fui muito bem atendido por esta jovem médica e que a mesma estava interessada em me ajudar a resolver o meu caso. Como aqui, busco retratar uma realidade, é de bom tom, que lhes diga, que nas primeiras consultas, está jovem médica, me viu chorar várias vezes. Eu me sentia derrotado, fracassado em todos os sentidos. Novamente a importância desta jovem médica em minha vida foi de grande valia. Havia retomado as minhas atividades profissionais, mas, não pensem que foi simples e fácil. A retomada de minha profissão se deu paulatinamente, na pequena sala, juntamente com outro colega de profissão. Chegava ao escritório por volta das 10:00hs e uma hora após já estava voltando para casa. Assim, ocorreu por mais de mês, sendo que fui dia a dia, aumentando minha permanência no escritório e também, lentamente fui retomando o convívio com os (as) demais colegas de profissão, até conseguir forças para entrar no prédio do fórum, local que é uma extensão obrigatória de minha profissão e onde já não entrava há mais de ano. Foi uma luta diária! Esta luta era contra mim mesmo, contra os preconceitos e contra a todas as regras da sociedade como um todo, que não é nada sensível no que se refere a uma pessoa (ou as pessoas) que fazem um tratamento psiquiátrico. A sociedade, infelizmente, ainda não reconhece a doença - DEPRESSÃO - como tal. Muitos acreditam que ela é apenas "frescura" e não passa disso. Mas eu sei que isto não é verdade e sei também o que a depressão faz com um ser humano e com as pessoas que estão a sua volta, isto quando não terminam sozinhos. Desta forma, fui reconquistando dia a dia a mim e a minha profissão. Um pouco inseguro, mas não havia perdido meus conhecimentos técnicos jurídicos, então, novamente a minha jovem médica entrou para participar definitivamente de minha vida. Ela me solicitou como advogado para acompanhá-la em um transação imobiliária. É certo que em meu coração, queria dar a minha jovem médica o melhor de mim e de meus conhecimentos jurídicos, adquiridos ao longo de muitos anos de trabalho, vez que, comecei a profissão, primeiro como estagiário, nos idos de 1983; portanto, unindo a minha força de vontade e ainda mais levado pela confiança que minha jovem médica estava depositando na minha pessoa, como profissional de direito, e em assim sendo trabalhei para minha médica, lhe assessorando na transação imobiliária. Tal fato, essa ocorrência, foi muito salutar para meu efetivo retorno à advocacia. Minha médica, como sabia, tratava de outros profissionais do direito, mas ela me escolheu entre esses e me deu um voto de confiança que agiu sobre mim como um raio e após esse trabalho, retomei definitivamente a minha vida profissional em meu próprio escritório. É óbvio que o meu escritório teve que passar por uma reforma, visto que havia sido fechado há longo tempo, mas com a ajuda de minha família (principalmente meus pais), o meu escritório ressurgiu como uma Fênix. Essa parte não posso deixar de contar. Quando prestei serviços para minha médica, desejei retribuir com carinho e amor, a mesma atenção que ela me proporcionou nos seu consultório e  me neguei a cobrar honorários pelo meu trabalho, porém, a minha jovem médica e seu esposo, também médico, fizeram absoluta e questão de pagar pelo meu trabalho. Me pagaram até muito bem pela época e, aquele foi um dinheiro sagrado, vindo em boa hora. Portanto, a minha médica, a qual mantinha um relacionamento paciente/médica, agora também passou a existir um relacionamento - advogado/cliente. Quem leu até aqui, pode estar pensando que neste ponto já havia parado de ingerir psicotrópicos. Mas não! Ainda continuava com o tratamento, mas agora com grande determinação e para me auto ajudar, passei a estudar com profusão a respeito das causas e malefícios causados pela depressão e, também, estudei toda a medicação que eu estava ingerindo, neste ponto, vali-me até mesmo de livros que minha médica chegou a utilizar na faculdade de medicina, bem como todo o material técnico que conseguia reunir a respeito do tema depressão. Queria saber contra o que estava lutando! Até aquele momento a luta, a batalha era totalmente injusta, pois eu desconhecia o inimigo! Quando passei a conhecer melhor o inimigo, contra o que estava lutando, consegui dar uma equilibrada e portanto, me sinto em condições de fazer essa narrativa a respeito da depressão, com uma visão de paciente, dentro de uma linguagem simples e direta. (Continuaremos....)         

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

O tratamento V

(Continuando...) Após aqueles necessários esclarecimentos, voltamos ao assunto principal. Como havia dito, minha primeira consulta em 2001, ocorreu no dia 05 de janeiro e nos dias 11, 18 no mesmo mês. No mês de janeiro houve a suspensão do medicamento Tranquinal e no seu lugar me foi receitado Lexotan. Porém não consegui conviver com o dito do Lexotan, sendo que na consulta do dia 11, este foi suspenso e retornei a ingerir o Tranquinal. Na consulta do dia 18, o Tranquinal foi suspenso e no seu lugar entrou o Rivotril (ansiolítico). Até aqui, eu começava a sentir-me melhor, apesar de minha vida financeira e pessoal estar totalmente despedaçada. Ruína total! Desnecessário dizer a que ponto cheguei! Mas, continuava lutando, ganhando uma pequena batalha aqui, sendo derrotado em outras ali, porém, seguia em frente, objetivando a sobrevivência, a bem da verdade nem tanto por mim mesmo; tinha que sobreviver por meu Anjo. Ele estava comigo, não importava à ele como me encontrava. Ele me queria vivo, assim, era meu dever sobreviver. Entretanto, neste ponto já havia perdido o meu "eu". Já não era mais o mesmo, a vida tinha outra coloração, meus conceitos pessoais estavam mudados, não temia mais nada e ninguém e também pouco me importava com o que diziam a meu respeito. Acreditei estar em um mundo novo, melhor do que antes de iniciar o tratamento. Cometi um lamentável erro! Voltei a beber. Só que a grande diferença era a de que ao ingerir a bebida (cerveja) eu o fazia juntamente com os medicamentos (Rivotril e Efexor XR 150 mg). Com isso, os medicamentos eram potencializados, uma vez que, a utilização do álcool (em quantidade pequena) juntamente com os medicamentos, sendo que o álcool também atua direto no sistema nervoso central, bem como as medicações que estava ingerido, foi algo indescritível e complexo. Tentarei expor algumas lembranças desta época, mas de antemão, faço com reservas, pois algumas lembranças foram apagadas de minha memória. Enfim deletadas! Mas de uma coisa eu tenho absoluta certeza, o álcool estava sendo usado como uma forma de autodestruição consciente. Nesta época meu escritório estava fechado, vinha sobrevivendo da venda de meus livros, sendo que percorri várias cidades e fiz noites e tardes de autógrafos em várias localidades, por incrível que possa parecer, mas ainda tinha forças suficiente para fazer o livro circular, mas o dinheiro ganho com a venda dos livros tornava-se um pingo de água no oceano, face as minhas dificuldades financeiras. Tanto que, neste período, minha esposa aceitou um cargo de professora substituta em um distrito de minha cidade a fim de auxiliar financeiramente. Foram momentos difíceis! A crise interna somente era abafada pela utilização do álcool, só que, não era necessário ingerir muito; bastava apenas três latas de cerveja e estava feito - me encontrava alcoolizado. Resultado, deixei de voltar a médica e obtive até o mês de abril de 2.001 a receita de que necessitava. Aqui devo abrir um parênteses. No caso de tratamento psiquiátrico, o paciente não têm o chamado retorno, em assim sendo, cada consulta era e é paga e somente assim se consegue a receita médica, sendo que estas ficam retidas nas farmácias e é difícil de adquirir o medicamento sem a dita receita. Perceba-se que falei que é difícil, mas não impossível. Pois, depois de driblar a dificuldade, continuei me medicando até 01 de fevereiro de 2.002, em uma nova consulta com minha jovem médica. Enfim, durante dez meses, consegui obter os medicamentos. É evidente que fiz isso, por puro desespero, pois, ou comprava os medicamentos e ou pagava a consulta. Se pagasse a consulta (apesar de não ter o preço do primeiro especialista), não teria dinheiro para aquisição dos medicamentos. Desta feita, acreditei que os medicamentos eram no momento mais essencial à minha sobrevivência. Quando retornei para a consulta no mês de fevereiro de 2.002, já haviam se transcorrido mais de cinco meses que havia definitivamente tirado a cerveja - o álcool de minha vida. Estava, como se diz na linguagem mais popular, estava limpo! A decisão de parar definitivamente com a ingestão de álcool, foi uma das mais acertadas que fiz na minha vida, tanto que até os dias de hoje, não bebo absolutamente nada com álcool, nem mesmo bombom de chocolate com licor. No que diz respeito a minha retomada da minha vida profissional, está ocorreu em meados de julho de 2.001. Recomecei em uma pequena e humilde sala, juntamente com um outro colega, que me convidou a assumir a dita salinha e que pagaria um módico valor locatício. Porém, tinha de recomeçar e, para quem já recomeçou alguma coisa na vida, sabe a grande dificuldade para tanto, exige um trabalho e força herculano. Mas tinha que dar tempo ao tempo. A dificuldade não estava apenas no recomeço de minha atuação como profissional, estava também no grande preconceito das pessoas, principalmente em uma cidade pequena como a minha e onde era e sou bastante conhecido. Mas enfim, eu havia recomeçado, estava entrando na ativa, meu escritório estava fechado, mas dentro de mim, sabia que iria reconquistá-lo. (Continuarei....)      

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

O tratamento IV

(Continuando...) Acredito que neste ponto, antes de expor com mais minucias as minhas primeiras consultas com a jovem médica, devo, por obrigação chamar a atenção para fatos que devem e precisam ser entendidos de forma que não venham criar problemas para quem está me acompanhando, pois, o mais alto objetivo é de tentar, ao menos tentar, ajudar aos meus semelhantes, mesmo que para isto tenha que cortar minha própria carne, porém, se conseguir atingir ao menos uma pessoa que se sinta auxiliada por estas linhas, já me darei por satisfeito, já obtive o resultado maior a que me propus. Quando detalho os medicamentos que me foram receitados, devo atentar que a doença maldita - depressão - têm variações diversas, não escolhe ela, nem raça, cor, religião, rico, pobre e nem mesmo nacionalidade. É necessário ainda, esclarecer que esta doença mental não é como vem sendo chamada como: "A doença do Século"! Muito ao contrário, ela é antiga e como prova do que estou escrevendo, recorro ao uma passagem da Bíblia Sagrada, onde no Velho Testamento, onde o Profeta Elias, no versículo 19,4 - 1Reis, ele, diz: "E ele se foi ao deserto, caminho de um dia e se assentou debaixo de um zimbro; e pediu em seu ânimo a morte e disse: Já basta, ó Senhor; toma agora a minha vida, pois não sou melhor do que meus pais."  Existem outras passagens, porém este blog não é para falar de religião, de igrejas ou seitas, mas sim para demonstrar que a depressão é tão quão mais antiga do que se pensa. A evidência do desejo de morte do Profeta Elias demonstra em poucas palavras os sintomas da depressão, ou seja, o cansaço, a falta de vontade de viver; tanto que o Profeta pede à Deus que lhe tire a vida, isto o faz, pelo fato de que segundo a Bíblia Sagrada e até mesmo outras obras Sagradas, afirmam que o suicídio é pecado. Desta forma, fica demonstrado que até mesmo os Profetas de Deus, em algum momento de suas vidas passaram por momentos depressivos e até desejaram a morte. Somente para lembrar, quem quiser ler, vejam e analisem a situação depressiva que tomou conta do Rei Saul. Leia em 1 Samuel  31, 5 e 5. Portanto, está provado a antiguidade da maldita doença - depressão. Desta forma, quando faço menção aos medicamentos, devo por obrigação moral, avisar, alertar e trazer a luz sobre referida questão, pois, cada portador da depressão, vai depender do médico psiquiatra a analise mais aprofundada a fim de verificar o grau da depressão e se além da depressão existe mais alguma desestabilização que necessita de tratamento. Portanto, os medicamentos variam de pessoa para pessoa e quero alertar, que os homens são os pacientes mais difíceis de aceitar uma ajuda médica especializada, sei disso por que passei por essa experiência e, também, porque fomos ensinados que não podemos chorar (besteira - porque homem não chora). Chora sim! E muito! Muitas das vezes escondidos em algum lugar onde ninguém possa vê-los, um choro silencioso, amargo, triste! Fomos ensinados a ser o provedor do lar e quando estamos abatidos por uma doença invisível, que infelizmente ainda e grande o preconceito, sofremos muito mais, mas fomos ensinados, apreendemos isso deste a tenra idade; por outro lado, a mulher, dita o sexo frágil, no que não concordo, pois vejo nas mulheres, algumas em destaques, com muito mais força do que os homens. Admiro a força das mulheres! Escrevo isso, tendo como destaque a força nata existente em minha mãe e depois em minha esposa, que apesar de ser de pequena estatura, é uma grande mulher! Assim, por hoje, estes esclarecimentos se faziam necessários, pois, neste interregno, quem esteja, homem ou mulher (Ah! Estas buscam ajudas medicas muito mais rápido do que nós homens), compreendam que os medicamentos que descrevi até agora (outros virão), não servem para todos (as), isto depende exclusivamente do médico especialista - um (a) psiquiatra! Neste caso, infelizmente, não existem os ditos medicamentos caseiros, ou as ervas medicinais que a vovó usava. Não! Tem que haver um parecer técnico, foi para isto que esses médicos, muitos deles, abnegados e até mesmo sofrendo preconceitos de outros médicos, que em outra área médica atuam, devem ser consultados. (Continuarei...) 

 

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O tratamento III

(Continuando...) Neste período estava sendo medicado, desde setembro/2000, com Efexor XR 150 mg e Tranquinal 0,25 mg (tomando dois comprimidos ao dia). Os medicamentos que estava utilizando, apesar do alto custo do Efexor XR 150 mg, cuja caixa durava apenas uma semana, digo que, estava começando a me estabilizar. Porém, mesmo sabendo de minha doença, não me deixei ser levado por ela. No meu intimo, sabia que tinha que fazer algo, combatê-la a qualquer custo. E assim, dediquei os momentos da minha vida, que até então me proibiam de exercer a minha amada profissão, para escrever. Terminei o livro, enviei os originais para uma pessoa que não era minha conhecida, a fim de que está fizesse a necessária correção do texto e, enquanto isso meu primogênito, trabalhava comigo na elaboração da capa. Enfim, mesmo com a forte crise da doença, encontrei no fim do túnel, uma pequena luz (não! não era a luz de um trem), mas sim uma chama que busquei desesperadamente mantê-la acesa, pois, não queria me permitir ficar largado em uma cama. Sabia e tinha motivos para tentar sobreviver ao drama pessoal e familiar que está vivendo naquele momento. É como uma grande tormenta (uma enorme tempestade, onde faz até a luz do dia escurecer) e eu, estava no meio dela e levando comigo minha família. Foi por esse período, não me recordo a data exata, que meu filho caçula, estando ainda na fase de alfabetização, escreveu em um papelão, que ele retirou de uma caixa e com sua letra ainda difícil e com os compreensíveis erros de português, escreveu: "Pai, você é o melhor pai do mundo, do seu filho M...... N...... de O........! Eu te amo muito!"  Esta frase, mal escrita, em um pedaço de papelão, que havia sido extraído de uma caixa de papelão, me foi dada pelo meu então, pequeno filho, meu caçula. Foi naquele exato momento que uma grande luz brilhou na minha vida, meu verdadeiro anjo estava ali, em forma humana e de pequeno tamanho, mas com imensa sabedoria. Peguei este papelão e o coloquei no criado mudo ao meu lado da cama, assim, ao acordar e ao deitar, lia aquelas palavras de sabedoria e de iluminação de meu pequeno anjo. Desta forma, eu tive a visão clara de outro objetivo para a minha vida! Aquela criança, meu anjo, precisava de mim! Foi daí, que fui buscar forças quase que inumanas para lutar contra a depressão. Enfim, voltarei a esse assunto, pois, é de extrema importância, posto que o (a) depressivo (a), tem que encontrar um motivo forte para sobreviver a maldita doença. Eu havia encontrado dois, primeiro dos primeiros é meu filho caçula; o segundo era meu trabalho como escritor; afinal este era o meu terceiro trabalho como escritor. O lançamento de meu livro ocorreu em 14 de dezembro de 2000, foi uma bela noite, em um restaurante que me cedeu gratuitamente o espaço e também os salgados; no coquetel que foi oferecido aos convidados, também fui agraciado por um grande amigo, proprietário de uma vinicula, que me forneceu os vinhos que foram servidos aos presentes. Quero aqui dar um destaque - a minha médica e seu esposo, que também é médico, somente de outra área médica, estiveram presentes e minha médica, permaneceu praticamente até o final e quando veio para se despedir, me perguntou se eu estava passando bem, se ela poderia ir embora - enfim, eu estava muito bem assessorado por minha jovem médica. A noite de lançamento se encerrou por volta das zero hora e as vendas superaram a minha expectativa. E assim, a primeira fase de meu tratamento no ano de 2.000, chegou ao final, mas já tinha consulta marcada para o dia 05 de janeiro de 2.001. (continuarei...)      

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O tratamento II

(Continuando...) Voltando um pouco no tempo, ou seja, do início de meu tratamento, com o especialista da Capital - São Paulo e até conhecer e iniciar outro tratamento com a médica em minha cidade, minha vida simplesmente transformou-se em algo que não conhecia e, nem podia controlar. Literalmente, meu micro cosmo, virou de ponta cabeça. Já não conseguia e nem mais queria sair de minha casa, além do que, como já comentei, não atendia telefones e nem pessoas. Não conseguia sequer manter contato com meus livros de direito, sentia uma repulsa muito grande somente de ver os livros. Não assistia sequer a televisão e muito pouco ouvia rádio. Me vi obrigado a me afastar do que eu mais gostava - a minha profissão - exercer a advocacia com o rigor e o sentimento de ser um servidor, uma parte necessária para a distribuição equânime da justiça - meu escritório ficou fechado - não tinha condições mentais e psicológicas para exercer a advocacia, sequer conseguia me aproximar ou ver o prédio do fórum de minha cidade e muito menos passar pelas calçadas onde se localizavam os cartórios de notas, não queria ouvir falar em direito e também não queria conversar com nenhum colega de profissão - enfim - estava a situação fora de meu controle e fora de meu alcance - me era ainda mais doloroso pelo fato de que sempre, desde que me conheci por gente sempre fui ativo e independente - comecei a trabalhar com doze anos, atrás de um balcão - nunca tive mede de trabalho algum, fosse do tipo que fosse, desde que estivesse trabalhando e esse fosse um trabalho honesto, não me preocupava o trabalho em si, mas sim em fazê-lo sempre bem e dar o melhor de mim. Agora, neste período, sequer conseguia me relacionar com os colegas de minha profissão, tanto que, tive que assinar vários substabelecimentos de procurações ad judicia e quando tal ocorria, era minha esposa que pegava no portão o dito documento e me trazia a cozinha, onde assinava-os, a bem da verdade não me lembro nem de quem eram e nem para quem iria. Lembro-me que tive uma cliente, que mesmo sabedora da minha situação, resolveu permanecer comigo, dizendo que aguardaria meu retorno. Olhando hoje o passado, digo que tal situação foi fantástica! Acrescento, antecipando-me, que quando retornei, voltei a cuidar de seu caso, que ainda perdurou por mais um ano, mas obtive resultado positivo. Entretanto, como já relatei antes, apenas um advogado, este meu amigo até hoje, se dispôs a me auxiliar com meus processos, mas sequer falei com ele naquele período, o que olhando hoje, me ressinto de não ter conversado com ele naquela época, pois, creio que ele realmente teria me ajudado em muito e minimizado um pouco meu sofrimento em relação a minha profissão. Enfim, meu escritório fechado, montei em uma parte de minha casa, no andar de baixo, um escritório, onde não existia telefone e muito menos internet; havia somente o computador, alguns livros, algumas revistas e, com a porta fechada, o silêncio, somente se ouvia o barulho do velho computador. Como me recusava internamente a me deixar levar pela amaldiçoada doença, passei a me dedicar a escrever um romance - suspense policial - neste período, mesmo inteiramente dopado pelos psicotrópicos, ainda consegui me inscrever em um curso na Capital - São Paulo - cujo prédio estava na Avenida Paulista - cartão postal da grande metrópole, onde durante uma semana, de segunda a sexta-feira, no horário da 20:00 horas até as 22:00 horas, participei de um curso a respeito de editoração de livros e seu mercado editatorial. O engraçado é que eu conseguia me relacionar com essas pessoas e estas sequer desconfiavam da minha situação, da minha doença. Fato este que não conseguia na minha cidade, creio que por preconceito, meu próprio e de outrem. Posso ressaltar, que durante aproximadamente dois meses, me levantava pela manhã e me dirigia até a praça central de minha cidade, onde em uma banca de jornal, comprava o jornal diário - Folha de São Paulo e permanecia na esquina, observando no relógio de pulso, quantos minutos eu conseguia permanecer naquele local, exposto as pessoas, muitas delas minhas conhecidas e cumprimentá-las com um bom dia; bem no início, foi extremamente penoso, difícil e exigiu muito de minhas já abaladas forças, porém, comecei obtendo resultados mais expressivos dia a dia, sendo que primeiro dia, o máximo de tempo que consegui permanecer no local, foram apenas e tão somente três longos minutos; com a insistência, a perseverança, consegui ao final do tempo entrar em companhia de alguns conhecidos, em um bar para tomarmos um café. Senti então, que havia valido o meu esforço. Bem isto era o que eu fazia no período da manhã! Já na parte da tarde, logo após o almoço, descia para o meu escritório, ligava o antigo e velho computador e começava a dedicar com assiduidade e disciplina a arte de escrever, o que ao final do período, observando-se que eu tinha determinado a mim mesmo uma hora especifica em que deveria começar a escrever, sem porém determinar uma hora para parar; a parada da escrita, ocorria quando o cansaço vencia e me obrigava a encerrar o trabalho. Então, salvava o escrito, não somente no computador, como também nos disquetes (naquela época ainda existiam) e não satisfeito, imprimia as páginas escritas, sempre imprimindo a anterior, as quais passava para minha esposa ler e fazer suas criticas e suas sugestões. Assim, foi por enquanto um pequeno resumo deste período, que voltarei a ele, bem como, a respeito da medicações, na qual, me senti como uma cobaia, de tanto medicamento que me foi dado a experimentar. (Continuarei....)       

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O tratamento.

(Continuando...) Aqui vou fazer apenas um resumo, pois, se trata de um longo período em que estive sob os cuidados desta médica. Os primeiro meses, isto desde que comecei a tomar os medicamentos simplesmente, foram os mais terríveis. Não queria falar com ninguém, não atendia telefone, não queria receber visitas, apesar que estas foram poucas, se restringiu apenas aos familiares e de alguns poucos telefonemas de pouquíssimos amigos. Foi este um momento de grande reflexão, foi onde após estes anos todos descobri aquilo que talvez já soubesse, porém, nós nos recusamos a aceitar. A bem da verdade, nós não temos amigos, temos sim conhecidos, os verdadeiros e únicos amigos estão na família, que é a grande e potencial sustentação de um ser humano e também de toda uma sociedade, no âmbito geral, pois, sem a existência no núcleo familiar, o estado como o conhecemos, deixaria de existir. Não que tivesse ficado magoado com o desaparecimento das pessoas, principalmente àquelas que durante a minha vida profissional as ensinei e as conduzi para seguirem a lide forense, e o que não foram poucas. Bem neste período, antes de ficar completamente dopado, como já disse e repito, meu corpo estava andando, olhando, vendo, meus sentidos auditivos, visuais e olfato estavam funcionando, porém, meu cérebro, onde se localizam bilhões e bilhões de neurônios, onde estes são responsáveis pela produção impressionante de elementos químicos (deixo de citá-lo neste, visto que este não é um trabalho cientifico, mas tão somente a minha visão a respeito da doença), estavam em verdadeira batalha, uma batalha após outra e agora somatizada e atacada pelos efeitos dos medicamentos. Enfim, antes da data do inicio do tratamento, estava trabalhando em mais um livro. Este era um livro que exigia muita dedicação, muito trabalho e muita pesquisa. Nele, buscava demonstrar em detalhes as orações existentes na Bíblia Sagrada, buscando demonstrar o tempo e o espaço histórico em que ocorreram tais orações e se e como estas foram atendidas e por quem foram feitas. Já tinha mais de cinquenta laudas escritas (ainda que cruas, sem correção, etc), o que em termo de livro padrão, poder-se-ia dizer que tinha pronto já mais de cem páginas. Entretanto, quando me vi envolto no manto negro da maldita doença, me vi obrigado a parar com o trabalho, pois, o mesmo era desgastante e eu muito exigente comigo mesmo (tirano de mim mesmo), portanto, não tive forças para continuar o livro, mas, comecei a escrever outro livro, seguindo a ficção, um romance, um suspense. (Continuarei...) 

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Troca de médico!

(Continuando...) - A data da consulta se deu em 25 de julho de 2.000. A minha nova médica, literalmente falando uma jovem profissional e jovem mulher. Não deveria à época, estar clinicando há mais de ano e meio; ou dois anos se fosse o caso. Ela me atendeu e me recepcionou de forma extremamente humana e mostrou-se muito preocupada com meu caso e também demonstrou interesse no meu caso e no tratamento que acreditava ser adequado a minha situação. Reviu os medicamentos que estava tomando e também analisou os exames laboratoriais. No primeiro contato com essa jovem médica, foi para mim, mesmo no caos de minha vida, como uma tábua salvadora. Acreditava ter encontrado alguém que estava realmente interessado em minha situação e, afirmo, sei, de sentimento, que ela estava com todas as melhores, das boas intenções (não obstante dizer que de boas intenções até o inferno está cheio - apenas esclarecendo - não acredito na existência do inferno). O primeiro passo desta médica foi reduzir a carga dos medicamentos, sendo que do Efexor XR 150, passei a tomar Efexor XR 75, bem como ela retirou os demais medicamentos (Iskemil e Ginko Biloba). Aqui tenho que abrir um parênteses; o meu filho mais velho, que há muito já namorava, resolveu casar-se! A data de seu casamento ocorreu em 09 de julho de 2.000. Desta data infelizmente tenho pouca lembrança, com exceção de fazer voltar a lembrança, das fotos que marcaram àquela data; festiva para meu filho e minha nora, bem como para os pais da noiva, mas à mim, somente gerou tristeza e uma profunda angustia. Lá me encontrava no altar da igreja, juntamente com os padrinhos de casamento de meu filho e de minha nora, porém, estava totalmente dopado face aos medicamentos e ver a igreja central totalmente lotada, tendo que fazer a minha parte de pai, quando a bem da verdade o que deseja era estar muito, mas muito longe dali, daquele lugar, de todos os que me olhavam e de todos os que apertavam a minha mão, me dando congratulações pelo evento festivo. Em resumo, tinha que me sacrificar para o bem de meu filho, afinal, não tinha ele nenhuma culpa pelo meu estado de saúde, além do que, ele sempre havia até aquela data um excelente filho, assim como continua sendo até hoje. A festa de recepção se deu na chácara dos pais da noiva, da minha nora (gosto muito dela). Após a cerimonia oficial do civil, consegui me furtar do relacionamento das pessoas e entrei em meu veículo, que havia deixado estacionado sob um sombra e ali, sozinho, abaixei o banco, deite-me e procurei não ouvir o som do burburinho das vozes e o som que tocava as musicas preferências de minha nora e de seus país. Foi um momento extremamente difícil de enfrentar. Enfim, este foi apenas e tão somente um dos momentos difíceis que enfrentei; outros viriam e vieram e tive que enfrentá-los, um a um, com uma luta homérica, vencendo cada obstáculo com uma força sobre humana e assim me vi vencendo obstáculo por obstáculo, até que hoje, os obstáculos não mais me fazem frente; enfrento-os com toda a força necessária e venço-os, por que assim eu quero e assim eu o desejo. Bem. voltando a consulta, retornei ao consultório de minha jovem médica, alguns dias após e contrariando todas as regras, não paguei por esta nova consulta, ela me atendeu como retorno; no dia 10 de agosto de 2.000, lá estava eu choramingando a minha sorte, à minha má fase na vida, sentindo-me um trapo, um inútil, enfim lá era o último lugar que a bem da verdade eu gostaria de estar, porém, sabia que era um mal necessário. Nesta data, me foi introduzido mais um medicamento -   Tranquinal - 0,25 mg - um ansiolítico! (continuaremos...)

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

A segunda consulta.

Continuando ... Enfim chegou o dia da segunda consulta, com o dito especialista da grande metrópole. Agora tinha um agravante, estava sob os efeitos dos medicamentos e não me sentia em condições de usar o veículo, quanto mais de enfrentar um trânsito caótico de São Paulo. Solicitei a meu filho do meio, que me levasse, pois, o mais velho não poderia me acompanhar em virtude de seu trabalho à época. Fizemos o trajeto de minha residência até o consultório, praticamente em silêncio. Somente em São Paulo, fui lhe indicando o caminho a ser percorrido. O meu filho, naquele momento, meu acompanhante, subiu comigo até o andar do consultório, porém, ele não quis entrar comigo para a consulta, resolveu aguardar na sala de espera. Lembro ainda, que este meu filho não acreditava que eu estava com um problema de saúde e muito menos que deveria estar me consultando com um médico psiquiatra, ele era e ainda é totalmente contra. Quisera, do fundo de meu coração que ele estivesse com a razão, porém, a razão é somente dele, não é a verdade real que se estampava naquele momento de minha vida e até hoje ainda não sei o porque da descrença dele na minha enfermidade. Creio que por está não estar e nem pode ser visualizada quer na aparência, quer através de exames de raio X e outros, ele nunca acreditou. Bem, entrei para a consulta. Entreguei ao médico os exames laboratoriais que me havia solicitado. Ao examinar os resultados, o mesmo me disse que os exames clínicos laboratoriais estavam bem, inclusive o exame de tiroidismo (que muitas vezes é a tiróide o responsável por uma depressão - quero esclarecer também, que existem variações nos tipos depressivos - não é um caso igual a outro e também muitas das vezes um medicamento que faz bem a um depressivo, não tem e nem alcança o mesmo efeito em outro depressivo). Enfim, os exames estavam em perfeita ordem. Não havia nada errado com o meu corpo físico em si, apenas os meus neurônios estavam em profusão e em verdadeiro caos.   Depois de mais ou menos vinte minutos a consulta estava consumada e eu deixava o consultório com uma nova receita - daquelas que uma via fica retida na farmácia - controle de venda de psicotrópicos. Não sai do consultório com nova consulta agendada, visto que o doutor, teria que participar de um Congresso nos Estados Unidos, onde seria um dos palestrantes e a sua secretaria ficou de agendar a consulta com a sua volta e me disse se acaso eu necessitasse de medicamentos, este, deixaria no meu prontuário medico a prescrição de receitas, sem serem datadas e bastaria que eu me comunicasse com a secretaria. Quero esclarecer, que em virtude da legislação brasileira em vigor, as receitas de psicotrópicos têm validade de apenas trinta dias após a data da emissão. Voltei para minha doce e querida cidade! Passei pela farmácia de minha preferência e já adquiri os medicamentos e deixei na farmácia uma relevante quantia em dinheiro, pois, somente como referência, uma caixa de Efexor XR 150, que durava uma semana, tinha um custo aproximado de U$ 100,00 (cem dólares americanos) e na receita aviada, se encontravam aviados quatro caixas, sem contar com os demais medicamentos. Assim, como tudo nesta vida passa, até mesmo a vida é uma passagem, o tempo passou, os trinta dias transcorreram e os medicamentos estavam findando e a consulta ainda não havia sido marcada. Liguei diversas vezes para o consultório, o dito médico não havia retornado e não tinha ninguém para substituí-lo e a mim não interessava apenas as receitas, queria era ter alguém, mesmo que estivesse pagando e pagando caro, mas que me desse atenção, infelizmente, não obtive a atenção deste primeiro médico e neste ínterim tomei conhecimento de que um amigo de infância e também colega da área jurídica - advogado -, também tinha tido sérios problemas com depressão e havia até mesmo sido internado e em conversa com ele, fui apresentado a sua médica. Venci os preconceitos que ainda havia sobrado dentro de mim e marquei uma consulta com, desta vez, uma médica psiquiatra, com consultório em minha cidade. A primeira consulta com esta médica se deu ... (Continuaremos...)     

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Os medicamentos e seus efeitos.

Continuando... Naquela noite, ingeri os primeiros comprimidos, as primeiras drogas; ingeria assim meus primeiros psicotrópicos. Confesso que durante a primeira semana, nada senti de melhora, ao contrário, senti os efeitos colaterais dos medicamentos. Mas como o próprio especialista havia dito e, como também eu havia lido nas bulas, tais medicamentos levam de sete a dez dias para começar a produzir o efeito desejado. Meu pavor não era menor do que antes. Agora a bem da verdade, não mais sabia o que iria ocorrer daquela primeira dosagem em diante. Apenas, tinha dentro de mim, a tênue esperança, de que em breve estaria totalmente reestabelecido. Estava totalmente enganado! Estava apenas dando o primeiro passo. O meu mundo, meu infinitesimal universo, simplesmente explodiu, tal qual o Big-Bang! Óbvio o é que quanto de atribuiu à criação do universo através do Big-Bang  à minha causa, vai uma longa e infinita distância. Pois segundo os autores e cientistas modernos, o universo tal qual o conhecemos, foi criado por uma enorme explosão. No meu caso digo que ocorreu o inverso, houve uma enorme implosão. O meu pequeno mundo simplesmente se desmoronou e nada do que tentei fazer para deter o desmoronamento não fui capaz de segurar absolutamente nada. Para começar, o meu escritório de advocacia, tive que fechá-lo! Aqui, começou as perdas materiais, que foram se seguindo, pois, perdendo meus clientes e processos em que estava trabalhando para receber meus honorários ao final, também se perderam. em resumo, as perdas financeiras foram inevitáveis e destrutivas. Voltando aos medicamentos, estes começaram a surtir efeitos após o décimo, ou décimo primeiro dia. As fortes dores que sentia em meus ombros, como se estivesse carregando um outro eu nas costas, haviam desaparecidos. A eliminação desta dor (que ao relembrá-la, volto ao tempo), já foi de grande auxílio, porém, não podia dirigir e, já neste período, já não conseguia sequer pensar na minha profissão (que amo de paixão), somente o pensamento de coisas ligadas ao direito e a justiça, já me causava pânico. Ainda não sei o porque! Ainda não descobri! Um de meus filhos, o do meio, não queria acreditar que eu estava doente, para ele, o que eu precisava era apenas efetuar uma caminhada pela Mata da Câmara, todo o dia pela manhã, por no mínimo uma hora que isto iria reestabelecer a minha saúde. Apenas como título de esclarecimento, a Mata da Câmara é uma reserva ambiental de mata atlântica que existe em minha cidade e em cujo local se é possível fazer uma caminhada de horas, sem ter a preocupação de se perder, pois, as trilhas sempre retornam ao ponto de partida. Gostaria muito que meu filho do meio, estivesse com a razão, mas infelizmente ele não estava e não conseguia avaliar o meu sofrimento interno e invisível. Eu havia descido ao Hades, não apenas às portas deste, mais sim ao seu interior. Confesso ainda, que ao descrever um sumário destas situações em minha vida, é o mesmo que refazer um corte profundo, nas entranhas de meu ser, porém, como a minha proposta é fazer com que pessoas conheçam o outro lado, ou seja, não apenas o lado terapêutico, clínico, médico, mas a visão do paciente, em relação a maldita depressão! Minhas escusas por este desabafo, mas a mim ele é importante. Assim, aquele primeiro mês após a primeira consulta, o que eu queria é que de fato e de direito eu deixasse de existir para esse mundo em que vivemos. Eu me sentia impotente diante do tamanho do problema que me envolvia (mas VENCI!!!) e por isso estou escrevendo sobre isso, sobre este tema, que ainda é um grande tabu, apesar de já estarmos em pleno século XXI. Naquele mês, pouco ou quase nada falava com meus filhos e com minha esposa, muito menos saí à rua ou atendia telefones. Não queria ver e nem ouvir ninguém. Não assistia TV, não conseguia manter meu hobby preferido que é a leitura (não conseguia me concentrar), enfim, eu já não era mais eu! Estava-me transformando em um morto vivo, um ser amorfo, um ser com desejo de não ser. Me sentia dentro de uma escuridão plena, onde nem uma réstia de luz poderia ou tinha forças para entrar.  Porém, mesmo diante da situação que estava enfrentado, sendo que, já havia enfrentado outras situações adversas na vida e de um jeito ou de outro havia conseguido transpassá-la, sempre fui movido por uma força de otimismo e não me deixava levar por este ou aquele problema, para mim, os problemas que nos ocorrem na vida, devem servir como amparo e como plano para deixarmos-nos mais forte e mais vibrantes, pois, como já ouvi dizer e também já li de algum autor, que o bom soldado é forjado no campo de batalha. Eu sempre pensei assim, portanto, estava enfrentando mais uma batalha na vida. Somente que agora, tinha mais pessoas que dependiam de minha vitória. E dentro desta minha história, um anjo visível, próximo, que me amava incondicionalmente, sendo que eu também o amava e ainda o amo, necessitava de mim. Mas está é uma outra história, que prometo, revelarei no momento oportuno. Enfim, estava chegando a data da segunda consulta. (Continuarei...) 

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

A Primeira Consulta com um médico psiquiatra - II

Continuando.... Após, dito especialista ao terminar a consulta (durou menos de trinta minutos), tomou seu bloco de receituário, me explicou que iria dar inicio a tratamento para depressão e me receitou (as primeiras drogas lícitas) e também como "presente" me deu em minhas mãos duas caixas do medicamento Efexor XR 150 mg e adiantou-me que tal medicamento estava sendo introduzido no Brasil e que se estava obtendo bons resultados para casos semelhantes ao meu. No receituário, anotou os medicamentos que deveria interagir com o antidepressivo Efexor XR 150 mg; assim, além deste teria que tomar Ginko Biloba e Iskemil. Então estava agora próximo de ingressar em um mundo totalmente desconhecido para mim - as drogas - os psicotrópicos. O médico também me pediu para realizar uma série de exames laboratoriais e que deveria trazer na próxima consulta. Foi aí que descobri que em clínica ou médico(a) psiquiatra, não existe a fase do retorno. Todas as consultas são cobradas. Quero aqui, fazer um adendo, o fato de que estou nominando os medicamentos, não significa que os mesmos podem ser adquiridos com facilidade nas farmácias, pois, são drogas - são psicotrópicos e somente são vendidos com a retenção da receita, excluindo o Ginko Biloba. Aqui não vou descrever a bula dos medicamentos, entretanto, aquele que interesse tenham, pode buscar a bula no Google e terá as informações a respeito de cada efeito que os medicamentos possuem, bem como as contra indicações e os efeitos colaterais que causam e, que não são poucos. Deixei o consultório  já com outra consulta agendada; porém, apesar de ter obtido um diagnóstico sobre o que me atormentava, ainda assim, estava repleto de dúvidas. No fundo não queria crer que estava começando um tratamento psiquiátrico. Novamente o preconceito tomava forma em meus pensamentos. Mas mal sabia eu metade da missa! Estava dando apenas o primeiro passo de uma longa jornada, de uma longa estrada, a qual não sabia para onde me levaria. Daí o por que hoje, não creio em DESTINO, pois, tinha a minha frente um longa estrada, escura e totalmente desconhecida - o tratamento - as drogas - os psicotrópicos; por outro lado tinha a minha dor invisível, meu desespero, minha angústia, enfim meu sofrimento, resumo: tinha duas opções para seguir na vida. Uma já era há muita minha conhecida. A das drogas, ainda não tinha conhecimento algum. Lembro-me do primeiro dia que entrei em uma farmácia, local onde sempre efetuava a compra de medicamentos para mim e minha família e quando apresentei a receita, em duas vias, a pessoa que me atendeu carimbou o verso da receita e solicitou o meu nome completo, telefone, número da carteira de identidade e foi anotando e ao final me pediu para assinar e me explicou que como aqueles medicamentos era controlado pelo governo, a receita no original ficava retida na farmácia e que o medicamento Efexor XR 150 mg, pelo fato de ser um medicamento importado (USA), além de ser muito caro, somente poderia ser fornecido através de pedido, que no meu caso, me pediram quarenta e oito horas, ou seja, deveria retornar após dois dias a fim de pegar o dito medicamento. A bem da verdade me senti naquele momento um lixo total, impotente diante da situação real que em nada me agradava, mas no fundo de meu ser eu sabia que tinha que fazer aquilo, eu tinha um motivo, eu tinha um porque! Não que estivesse ligando muito ou pouco pela minha existência, estava na verdade me lixando se deveria continuar existindo ou não! Mas, algo dentro de mim, insistia que eu deveria tentar, alguém precisava de mim. Mas está é uma outra história! Vou adentrar nela no momento oportuno! Somente sei que naquele dia, na parte da tarde, dei inicio ao chamado "meu tratamento"; ingeri, muito a contragosto, os primeiros comprimidos - as primeiras drogas - das muitas que se seguirão no correr do tempo. Havia, como de habito, lido e relido as bulas; foi  assim que comecei a conhecer os psicotrópicos, seus efeitos (tempo para que fizessem efeito), suas contra indicações e o mais terrível, seus efeitos colaterais. Continuaremos...