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sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O tratamento VI

(Continuando...) Esses parênteses que abro, são essenciais para um melhor entendimento de como a doença de afetou, não só a mim como também à minha família e no meu trabalho. Devo aqui, por uma questão de valoração à jovem médica que me atendeu por anos; sendo que as primeiras consultas com ela, onde está também me deu a oportunidade de retorno, como narrei em uma postagem atrás, onde foi atendido pela mesma três vezes em apenas um mês e está também não somente foi de ajuda imensa, como colaborava com medicamentos, principalmente o Efexor XR, que era um dos mais caros, e quando obtinha amostras grátis ela me repassava algumas caixas. Confesso que fui muito bem atendido por esta jovem médica e que a mesma estava interessada em me ajudar a resolver o meu caso. Como aqui, busco retratar uma realidade, é de bom tom, que lhes diga, que nas primeiras consultas, está jovem médica, me viu chorar várias vezes. Eu me sentia derrotado, fracassado em todos os sentidos. Novamente a importância desta jovem médica em minha vida foi de grande valia. Havia retomado as minhas atividades profissionais, mas, não pensem que foi simples e fácil. A retomada de minha profissão se deu paulatinamente, na pequena sala, juntamente com outro colega de profissão. Chegava ao escritório por volta das 10:00hs e uma hora após já estava voltando para casa. Assim, ocorreu por mais de mês, sendo que fui dia a dia, aumentando minha permanência no escritório e também, lentamente fui retomando o convívio com os (as) demais colegas de profissão, até conseguir forças para entrar no prédio do fórum, local que é uma extensão obrigatória de minha profissão e onde já não entrava há mais de ano. Foi uma luta diária! Esta luta era contra mim mesmo, contra os preconceitos e contra a todas as regras da sociedade como um todo, que não é nada sensível no que se refere a uma pessoa (ou as pessoas) que fazem um tratamento psiquiátrico. A sociedade, infelizmente, ainda não reconhece a doença - DEPRESSÃO - como tal. Muitos acreditam que ela é apenas "frescura" e não passa disso. Mas eu sei que isto não é verdade e sei também o que a depressão faz com um ser humano e com as pessoas que estão a sua volta, isto quando não terminam sozinhos. Desta forma, fui reconquistando dia a dia a mim e a minha profissão. Um pouco inseguro, mas não havia perdido meus conhecimentos técnicos jurídicos, então, novamente a minha jovem médica entrou para participar definitivamente de minha vida. Ela me solicitou como advogado para acompanhá-la em um transação imobiliária. É certo que em meu coração, queria dar a minha jovem médica o melhor de mim e de meus conhecimentos jurídicos, adquiridos ao longo de muitos anos de trabalho, vez que, comecei a profissão, primeiro como estagiário, nos idos de 1983; portanto, unindo a minha força de vontade e ainda mais levado pela confiança que minha jovem médica estava depositando na minha pessoa, como profissional de direito, e em assim sendo trabalhei para minha médica, lhe assessorando na transação imobiliária. Tal fato, essa ocorrência, foi muito salutar para meu efetivo retorno à advocacia. Minha médica, como sabia, tratava de outros profissionais do direito, mas ela me escolheu entre esses e me deu um voto de confiança que agiu sobre mim como um raio e após esse trabalho, retomei definitivamente a minha vida profissional em meu próprio escritório. É óbvio que o meu escritório teve que passar por uma reforma, visto que havia sido fechado há longo tempo, mas com a ajuda de minha família (principalmente meus pais), o meu escritório ressurgiu como uma Fênix. Essa parte não posso deixar de contar. Quando prestei serviços para minha médica, desejei retribuir com carinho e amor, a mesma atenção que ela me proporcionou nos seu consultório e  me neguei a cobrar honorários pelo meu trabalho, porém, a minha jovem médica e seu esposo, também médico, fizeram absoluta e questão de pagar pelo meu trabalho. Me pagaram até muito bem pela época e, aquele foi um dinheiro sagrado, vindo em boa hora. Portanto, a minha médica, a qual mantinha um relacionamento paciente/médica, agora também passou a existir um relacionamento - advogado/cliente. Quem leu até aqui, pode estar pensando que neste ponto já havia parado de ingerir psicotrópicos. Mas não! Ainda continuava com o tratamento, mas agora com grande determinação e para me auto ajudar, passei a estudar com profusão a respeito das causas e malefícios causados pela depressão e, também, estudei toda a medicação que eu estava ingerindo, neste ponto, vali-me até mesmo de livros que minha médica chegou a utilizar na faculdade de medicina, bem como todo o material técnico que conseguia reunir a respeito do tema depressão. Queria saber contra o que estava lutando! Até aquele momento a luta, a batalha era totalmente injusta, pois eu desconhecia o inimigo! Quando passei a conhecer melhor o inimigo, contra o que estava lutando, consegui dar uma equilibrada e portanto, me sinto em condições de fazer essa narrativa a respeito da depressão, com uma visão de paciente, dentro de uma linguagem simples e direta. (Continuaremos....)         

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