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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

O tratamento V

(Continuando...) Após aqueles necessários esclarecimentos, voltamos ao assunto principal. Como havia dito, minha primeira consulta em 2001, ocorreu no dia 05 de janeiro e nos dias 11, 18 no mesmo mês. No mês de janeiro houve a suspensão do medicamento Tranquinal e no seu lugar me foi receitado Lexotan. Porém não consegui conviver com o dito do Lexotan, sendo que na consulta do dia 11, este foi suspenso e retornei a ingerir o Tranquinal. Na consulta do dia 18, o Tranquinal foi suspenso e no seu lugar entrou o Rivotril (ansiolítico). Até aqui, eu começava a sentir-me melhor, apesar de minha vida financeira e pessoal estar totalmente despedaçada. Ruína total! Desnecessário dizer a que ponto cheguei! Mas, continuava lutando, ganhando uma pequena batalha aqui, sendo derrotado em outras ali, porém, seguia em frente, objetivando a sobrevivência, a bem da verdade nem tanto por mim mesmo; tinha que sobreviver por meu Anjo. Ele estava comigo, não importava à ele como me encontrava. Ele me queria vivo, assim, era meu dever sobreviver. Entretanto, neste ponto já havia perdido o meu "eu". Já não era mais o mesmo, a vida tinha outra coloração, meus conceitos pessoais estavam mudados, não temia mais nada e ninguém e também pouco me importava com o que diziam a meu respeito. Acreditei estar em um mundo novo, melhor do que antes de iniciar o tratamento. Cometi um lamentável erro! Voltei a beber. Só que a grande diferença era a de que ao ingerir a bebida (cerveja) eu o fazia juntamente com os medicamentos (Rivotril e Efexor XR 150 mg). Com isso, os medicamentos eram potencializados, uma vez que, a utilização do álcool (em quantidade pequena) juntamente com os medicamentos, sendo que o álcool também atua direto no sistema nervoso central, bem como as medicações que estava ingerido, foi algo indescritível e complexo. Tentarei expor algumas lembranças desta época, mas de antemão, faço com reservas, pois algumas lembranças foram apagadas de minha memória. Enfim deletadas! Mas de uma coisa eu tenho absoluta certeza, o álcool estava sendo usado como uma forma de autodestruição consciente. Nesta época meu escritório estava fechado, vinha sobrevivendo da venda de meus livros, sendo que percorri várias cidades e fiz noites e tardes de autógrafos em várias localidades, por incrível que possa parecer, mas ainda tinha forças suficiente para fazer o livro circular, mas o dinheiro ganho com a venda dos livros tornava-se um pingo de água no oceano, face as minhas dificuldades financeiras. Tanto que, neste período, minha esposa aceitou um cargo de professora substituta em um distrito de minha cidade a fim de auxiliar financeiramente. Foram momentos difíceis! A crise interna somente era abafada pela utilização do álcool, só que, não era necessário ingerir muito; bastava apenas três latas de cerveja e estava feito - me encontrava alcoolizado. Resultado, deixei de voltar a médica e obtive até o mês de abril de 2.001 a receita de que necessitava. Aqui devo abrir um parênteses. No caso de tratamento psiquiátrico, o paciente não têm o chamado retorno, em assim sendo, cada consulta era e é paga e somente assim se consegue a receita médica, sendo que estas ficam retidas nas farmácias e é difícil de adquirir o medicamento sem a dita receita. Perceba-se que falei que é difícil, mas não impossível. Pois, depois de driblar a dificuldade, continuei me medicando até 01 de fevereiro de 2.002, em uma nova consulta com minha jovem médica. Enfim, durante dez meses, consegui obter os medicamentos. É evidente que fiz isso, por puro desespero, pois, ou comprava os medicamentos e ou pagava a consulta. Se pagasse a consulta (apesar de não ter o preço do primeiro especialista), não teria dinheiro para aquisição dos medicamentos. Desta feita, acreditei que os medicamentos eram no momento mais essencial à minha sobrevivência. Quando retornei para a consulta no mês de fevereiro de 2.002, já haviam se transcorrido mais de cinco meses que havia definitivamente tirado a cerveja - o álcool de minha vida. Estava, como se diz na linguagem mais popular, estava limpo! A decisão de parar definitivamente com a ingestão de álcool, foi uma das mais acertadas que fiz na minha vida, tanto que até os dias de hoje, não bebo absolutamente nada com álcool, nem mesmo bombom de chocolate com licor. No que diz respeito a minha retomada da minha vida profissional, está ocorreu em meados de julho de 2.001. Recomecei em uma pequena e humilde sala, juntamente com um outro colega, que me convidou a assumir a dita salinha e que pagaria um módico valor locatício. Porém, tinha de recomeçar e, para quem já recomeçou alguma coisa na vida, sabe a grande dificuldade para tanto, exige um trabalho e força herculano. Mas tinha que dar tempo ao tempo. A dificuldade não estava apenas no recomeço de minha atuação como profissional, estava também no grande preconceito das pessoas, principalmente em uma cidade pequena como a minha e onde era e sou bastante conhecido. Mas enfim, eu havia recomeçado, estava entrando na ativa, meu escritório estava fechado, mas dentro de mim, sabia que iria reconquistá-lo. (Continuarei....)      

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