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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Os medicamentos e seus efeitos.

Continuando... Naquela noite, ingeri os primeiros comprimidos, as primeiras drogas; ingeria assim meus primeiros psicotrópicos. Confesso que durante a primeira semana, nada senti de melhora, ao contrário, senti os efeitos colaterais dos medicamentos. Mas como o próprio especialista havia dito e, como também eu havia lido nas bulas, tais medicamentos levam de sete a dez dias para começar a produzir o efeito desejado. Meu pavor não era menor do que antes. Agora a bem da verdade, não mais sabia o que iria ocorrer daquela primeira dosagem em diante. Apenas, tinha dentro de mim, a tênue esperança, de que em breve estaria totalmente reestabelecido. Estava totalmente enganado! Estava apenas dando o primeiro passo. O meu mundo, meu infinitesimal universo, simplesmente explodiu, tal qual o Big-Bang! Óbvio o é que quanto de atribuiu à criação do universo através do Big-Bang  à minha causa, vai uma longa e infinita distância. Pois segundo os autores e cientistas modernos, o universo tal qual o conhecemos, foi criado por uma enorme explosão. No meu caso digo que ocorreu o inverso, houve uma enorme implosão. O meu pequeno mundo simplesmente se desmoronou e nada do que tentei fazer para deter o desmoronamento não fui capaz de segurar absolutamente nada. Para começar, o meu escritório de advocacia, tive que fechá-lo! Aqui, começou as perdas materiais, que foram se seguindo, pois, perdendo meus clientes e processos em que estava trabalhando para receber meus honorários ao final, também se perderam. em resumo, as perdas financeiras foram inevitáveis e destrutivas. Voltando aos medicamentos, estes começaram a surtir efeitos após o décimo, ou décimo primeiro dia. As fortes dores que sentia em meus ombros, como se estivesse carregando um outro eu nas costas, haviam desaparecidos. A eliminação desta dor (que ao relembrá-la, volto ao tempo), já foi de grande auxílio, porém, não podia dirigir e, já neste período, já não conseguia sequer pensar na minha profissão (que amo de paixão), somente o pensamento de coisas ligadas ao direito e a justiça, já me causava pânico. Ainda não sei o porque! Ainda não descobri! Um de meus filhos, o do meio, não queria acreditar que eu estava doente, para ele, o que eu precisava era apenas efetuar uma caminhada pela Mata da Câmara, todo o dia pela manhã, por no mínimo uma hora que isto iria reestabelecer a minha saúde. Apenas como título de esclarecimento, a Mata da Câmara é uma reserva ambiental de mata atlântica que existe em minha cidade e em cujo local se é possível fazer uma caminhada de horas, sem ter a preocupação de se perder, pois, as trilhas sempre retornam ao ponto de partida. Gostaria muito que meu filho do meio, estivesse com a razão, mas infelizmente ele não estava e não conseguia avaliar o meu sofrimento interno e invisível. Eu havia descido ao Hades, não apenas às portas deste, mais sim ao seu interior. Confesso ainda, que ao descrever um sumário destas situações em minha vida, é o mesmo que refazer um corte profundo, nas entranhas de meu ser, porém, como a minha proposta é fazer com que pessoas conheçam o outro lado, ou seja, não apenas o lado terapêutico, clínico, médico, mas a visão do paciente, em relação a maldita depressão! Minhas escusas por este desabafo, mas a mim ele é importante. Assim, aquele primeiro mês após a primeira consulta, o que eu queria é que de fato e de direito eu deixasse de existir para esse mundo em que vivemos. Eu me sentia impotente diante do tamanho do problema que me envolvia (mas VENCI!!!) e por isso estou escrevendo sobre isso, sobre este tema, que ainda é um grande tabu, apesar de já estarmos em pleno século XXI. Naquele mês, pouco ou quase nada falava com meus filhos e com minha esposa, muito menos saí à rua ou atendia telefones. Não queria ver e nem ouvir ninguém. Não assistia TV, não conseguia manter meu hobby preferido que é a leitura (não conseguia me concentrar), enfim, eu já não era mais eu! Estava-me transformando em um morto vivo, um ser amorfo, um ser com desejo de não ser. Me sentia dentro de uma escuridão plena, onde nem uma réstia de luz poderia ou tinha forças para entrar.  Porém, mesmo diante da situação que estava enfrentado, sendo que, já havia enfrentado outras situações adversas na vida e de um jeito ou de outro havia conseguido transpassá-la, sempre fui movido por uma força de otimismo e não me deixava levar por este ou aquele problema, para mim, os problemas que nos ocorrem na vida, devem servir como amparo e como plano para deixarmos-nos mais forte e mais vibrantes, pois, como já ouvi dizer e também já li de algum autor, que o bom soldado é forjado no campo de batalha. Eu sempre pensei assim, portanto, estava enfrentando mais uma batalha na vida. Somente que agora, tinha mais pessoas que dependiam de minha vitória. E dentro desta minha história, um anjo visível, próximo, que me amava incondicionalmente, sendo que eu também o amava e ainda o amo, necessitava de mim. Mas está é uma outra história, que prometo, revelarei no momento oportuno. Enfim, estava chegando a data da segunda consulta. (Continuarei...) 

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